"Aqui é tudo novo, estou a tentar aproveitar e ainda parece um bocadinho surreal"
Ana Castro estreia-se em Mundiais de natação adaptada e sonha com Paris'2024.
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Ana Castro estreou-se esta semana em Mundiais de natação adaptada, aos 24 anos assume que os Jogos Paralímpicos Paris'2024 são um sonho, e considera que o sucesso desportivo só é possível com "muito trabalho e apoio".
"O atleta é o resultado do seu trabalho, e do apoio que tem por trás: da família, do treinador, da equipa, e de muitas coisas que nem se veem", afirma Ana Castro, deixando uma certeza: "Tenho a sorte de ter uns pais que me apoiam sempre incondicionalmente".
O pai e a mãe viajaram até ao Funchal para ver a estreia de Ana nos Mundiais, que decorrem até sábado, e nos quais a nadadora de Santa Maria da Feira já marcou presença em finais e conseguiu um recorde nacional.
"Aqui é tudo novo, estou a tentar aproveitar ao máximo. Ainda parece um bocadinho surreal. No primeiro dia, estava a ver as finais e pensei: "Estou aqui com os melhores"", conta, à agência Lusa.
Ana Castro nasceu com espinha bífida, uma malformação que lhe afeta a força abdominal e as pernas, e começou a praticar natação aos oito meses. Mais tarde, aos 11 anos, por sugestão de um professor, iniciou-se na natação adaptada.
Licenciada em Língua e Relações Internacionais e a frequentar um mestrado, Ana Castro assume que a natação a obrigou desde cedo "a gerir prioridades".
"O facto de ter começado a competir aos 11 anos ensinou-me a ir gerindo os treinos e os estudos, aprendi quase a ser uma trabalhadora estudante. Tive que gerir prioridades desde muito cedo, abdiquei de umas coisas, ganhei outras", assumiu.
A participação na primeira grande competição do ciclo paralímpico Paris'2024, encurtado um ano após o adiamento dos Jogos Tóquio'2020 para 2021 devido à pandemia de covid-19, será sempre um marco na vida de Ana Castro, que gosta de olhar para a carreira desportiva "passo a passo".
Assume que os Jogos Paralímpicos Paris'2024 "são um sonho", mas deixa uma garantia: "Agora estou nos Mundiais, vou aproveitar e quero fazer o meu melhor. Depois, quando saírem mínimos de qualificação vamos ver o trabalho que vamos fazer, gosto de fazer as coisas passo a passo".
A nadadora de Santa Maria da Feira, que compete na classe S8, confessa que se sente contagiada pela "enorme alegria" com que outros nadadores da equipa portuguesa falam da experiência que tiveram ao participar em Jogos Paralímpicos, que descreve como "o sonho de qualquer atleta, o patamar mais alto de uma carreira".
Ana Castro olha para a natação adaptada como "um veículo de inclusão, que mostra às pessoas que, além da vertente terapêutica, o desporto proporciona oportunidades de competição a pessoas com deficiência".
"A divulgação é muito importante, antes de mim houve muitos que fizeram o trabalho "de partir pedra" para que a natação adaptada seja vista da mesma forma que a regular", considera.
Nos Mundiais'2021, que terminam no sábado, no Funchal, Ana Castro foi uma das quatro estreantes da equipa portuguesa, composta por 10 nadadores, juntamente com Tomás Cordeiro, João Campos e Jaime Catarino.
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