Há quatro anos, quando a qualificação no atletismo já se fazia por mínimos e ranking, também não se contavam três dezenas de apurados portugueses. Mas repetir os números de Tóquio passa pelo andebol
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O presidente do Comité Olímpico de Portugal (COP), José Manuel Constantino, expressou, a 22 de novembro, “a preocupação do COP em ter uma base mais confortável de atletas apurados” para Paris’2024. “Estamos ligeiramente abaixo do que era estimável”, acrescentou ainda, quando, na altura, estavam garantidas 21 quotas, para 22 atletas nacionais. Daí para cá, com Samuel Barata e Susana Godinho a fazerem mínimos na Maratona de Valência, o número de qualificações subiu mais um pouco (24), voltando a crescer com dois lugares no hipismo (26).
Curiosamente, apesar da inquietação de Constantino, o ponto de situação não é muito diferente do ciclo anterior. No final de 2019, ainda sem se imaginar o adiamento dos Jogos de Tóquio para 2021 devido à pandemia, Portugal também não chegava às três dezenas de apurados, contabilizando 29. A diferença só existe em relação a ciclos mais antigos (46 vagas para o Rio’16 garantidas em 2015, 41 em 2011 para Londres’12 e 44 em 2007 para Pequim’08), quando vigoravam outros processos de qualificação, em particular no atletismo, que tinha mínimos mais acessíveis e por não ter ranking.
Numa lista de apurados iniciada por Diogo Ribeiro, um dos atletas da nova geração que gera entusiasmo, ao ambicionar uma final na natação, Portugal já tem presença garantida em oito modalidades (atletismo, canoagem, ciclismo, ginástica, natação, surf, tiro com armas de caça e vela), todas repetentes de Tóquio, onde a Missão lusa foi a quarta maior de sempre (91 atletas).
Igualar a representação da capital japonesa vai sempre depender de uma modalidade coletiva, com as possibilidades reduzidas à Seleção Nacional de andebol, que precisa de passar no Europeu ao torneio de qualificação olímpica de março. Nos desportos individuais, a maioria apuramentos cumpre o esperado: o judo leva oito virtuais apurados, a canoagem não vai chegar a tantos representantes, dada a ausência dos K4 masculino e feminino, mas o surf tem condições para agarrar todas as vagas. O regresso do voleibol de praia, com a dupla Pedrosa/Campos, de momento em 18.º do ranking olímpico, pode ser a grande novidade.
Em dezembro, o programa de preparação olímpica abrange 126 atletas e mais de 70 treinadores, em 21 modalidades, devendo o ano começar com a confirmação das quotas nacionais em salto de obstáculos, em virtude do segundo lugar de Duarte Seabra no grupo B (Sul da Europa Ocidental) - apuram-se os dois primeiros de cada zona -, e em dressage graças ao primeiro posto de Maria Caetano. A qualificação coletiva nesta última disciplina, falhada diretamente no Europeu de setembro, também é possível. Conclusão: o ponto de situação de 2023 é semelhante ao de 2019.
APURADOS PARIS’2024
Atletismo
Auriol Dongmo (peso)
Ana Cabecinha (20 km marcha)
Susana Godinho (maratona)
Isaac Nader (1500 metros)
João Coelho (400 metros)
Samuel Barata (maratona)
Canoagem
Teresa Portela (K1 500)
Fernando Pimenta (K1 1000)
João Ribeiro/Messias Baptista (K2 500)
Ciclismo
Duas quotas na prova de fundo e no contrarrelógio masculino
Uma quota prova de fundo feminina
Equestre
Quota saltos de obstáculos (Duarte Seabra)
Quota dressage (Maria Caetano)
Ginástica
Filipa Martins (artística, concurso all-around)
Uma quota trampolim individual
Natação
Camila Rebelo (200 costas)
Diogo Ribeiro (50 livres, 100 livres e 100 mariposa)
Miguel Nascimento (50 livres )
João Costa (100 costas)
Surf
Teresa Bonvalot
Tiro com armas de caça
Inês Barros
Vela
Uma quota em ILCA6
Uma quota em ILCA7
Uma quota em 470 misto