Após surto de covid-19 em Lagos, Gonçalo Oliveira protege o pai e não joga o circuito
Apesar de residir no Algarve, Gonçalo Oliveira tinha previsto ir às competições criadas pela Federação, mas retirou a inscrição e não joga no Vale do Lobo, ao ser confrontado com as graves consequências da festa algarvia que infetou quase uma centena de pessoas e atendendo aos riscos que correria o pai/treinador
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Gonçalo Oliveira, de 25 anos, quinto melhor português no ranking ATP de singulares (278.º do mundo) e segundo na tabela de pares (78.º mundial), apontava voltar a competir esta semana, no primeiro dos três torneios lançados pela Federação Portuguesa de Ténis nesta fase de retoma em período de pandemia, mas o surto de covid-19 que tem assolado a região de Lagos levou-o a mudar de ideias. A residir no Alvor, o jogador, natural do Porto, é treinador pelo pai, Abílio Oliveira, que chegou a ser, nas décadas de 1970 e 1980, membro do staff de uma das maiores academias mundiais - a "Harry Hopman", na Florida. Aos 65 anos, Bilhó - como é conhecido entre os mais íntimos - sofre de problemas pulmonares que já o levaram a estar internado no início de 2018.
"Tinha feito a inscrição para jogar em Vale do Lobo, que ainda por cima é perto de casa, mas tive de retirar a inscrição ao constatar que a tal festa em Lagos, no passado dia 7, levou a que muitos dos que nela participaram, mas também familiares e pessoas mais próximas, ficassem infetados", começou por explicar a O JOGO, antes de especificar: "Perante essa situação tão complicada, tive de pensar que o meu pai teve um grave problema pulmonar há pouco mais de dois anos e não podíamos correr o risco de sair de casa para jogar em Vale do Lobo, mesmo tratando-se de um torneio a menos de 50 quilómetros".
Tal como vem sucedendo desde que o circuito mundial foi interrompido, nos primeiros dias de março, Gonçalo e Abílio Oliveira têm trabalhado na casa do Alvor, que possui um court de piso rápido, mas agora o recolhimento será quase total. "Está fora de questão jogar tão cedo seja o que for, pois ficaremos por casa, tentando manter-nos o mais protegidos possível", referiu o tenista que desde janeiro e até à interrupção da atividade, conquistara três títulos de pares em eventos do ATP Challenger Tour. "Primeiro está a saúde e depois o ténis", esclareceu, para concluir com uma surpreendente revelação: "Só quando houver uma vacina ou um tratamento eficaz é que voltarei a competir".