Antevisão, a figura e a passagem geracional de uma Liga que deixou de ser a dois
Oliveirense quebrou a hegemonia de Benfica e FC Porto, sendo de novo candidata na 11.ª edição, que arranca este sábado.
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Ao fim de nove anos em que o título de campeão foi sempre para Benfica (seis) ou para FC Porto (três), a última Liga conheceu um desfecho diferente, tendo a Oliveirense festejado de forma inédita, após uma caminhada imaculada no play-off (9-0). Este histórico interrompeu a hegemonia dos dois grandes, voltando a apresentar-se como candidato na 11.ª edição, que arranca amanhã e já não se resume a águias e dragões.
Na formação de Oliveira de Azeméis, a principal mais-valia é o facto de ter sofrido poucas mexidas no plantel campeão - a maior perda foi a de Arnette Hallman (MVP do play-off), que se mudou para a Luz, enquanto o base capitão João Abreu se retirou. André Bessa, Marko Loncovic e o belga Thomas De Thaey foram as contratações escolhidas por Norberto Alves, que esta época terá a vantagem de ser treinador a tempo inteiro.
E se nos campeões pouco mudou, no Benfica, de fora da final do play-off pela primeira vez em dez anos, assistiu-se a uma autêntica revolução. Foram meses agitados na Luz, traduzidos na chegada do técnico espanhol Arturo Álvarez, já conhecedor da realidade nacional, e de sete caras novas bem sonantes - os internacionais lusos Miguel Maria Cardoso, Fábio Lima e Arnette Hallman, o internacional angolano Jaques Conceição, os internacionais espanhóis Xavi Rey e Aléx Suárey e os americanos Quentin Snider e Micah Downs -, mas o desafio será começar quase do zero.
Finalista, mas sem qualquer troféu em 2017/18, o FC Porto continua na linha da frente da luta pelo título: apostou no rejuvenescimento da equipa (seis atletas com 22 anos ou menos) e no mercado europeu, com a vinda dos croatas Toni Prostran e Boris Barac, assegurando ainda um reforço tardio, mas valioso (o internacional João Soares, ex-Benfica).
Numa caminhada longa, com fase regular e etapa intermédia antes do play-off, o equilíbrio dos últimos anos deverá repetir-se, parecendo Vitória de Guimarães, Lusitânia e Ovarense ser os principais candidatos a atrapalhar os grandes favoritos e a fechar o grupo dos seis primeiros.
Transmissões em sinal aberto de volta
Uma das novidades para 2018/19 é o regresso das transmissões da Liga à RTP 2, o que já não acontecia desde os tempos do campeonato profissional. A modalidade volta ao canal público já hoje, com a transmissão da Supertaça. No domingo, há Oliveirense-CAB em sinal aberto. À semelhança de outros anos, outras transmissões serão asseguradas pela FPB TV e canais dos clubes.
A figura: Micah Downs veio por troca, para dar que falar
O extremo americano Micah Downs nem estava nos planos do Benfica, que contrataram o ex-NBA Kris Joseph. Uma lesão prolongada deste originou a troca, que parece ter sido acertada. Se Joseph só fizera 19 jogos em 2017/18 (seis no Elan Chalon de França e 13 nos Niagara River Lions do Canadá), Downs fez uma época completa nos russos do Avtodor Saratov, já foi jogador revelação da ACB, tem experiência de Euroliga e, na pré-época na Luz, foi sempre aos dois dígitos.
Uma passagem de gerações
A época de 2017/18 foi a última para veteranos como Carlos Andrade (Benfica), Elvis Évora, Paulo Cunha (ambos Vitória de Guimarães) e Miguel Miranda (FC Porto) - este ainda se mostrou disponível para jogar mais uma temporada após terminar contrato com os dragões, mas acabou por optar pelo início da carreira de treinador no FC Gaia -, consumando-se a saída de cena de praticamente toda a chamada geração de ouro, da qual Mário Fernandes (CAB Madeira) será o último resistente. O base madeirense é mais novo do que os colegas (tem 36 anos), mas fez parte da Seleção Nacional que disputou o Eurobasket"2007, no qual Portugal alcançou o histórico nono lugar.
Já a nova época irá marcar os primeiros passos para uma nova geração, que parece bem promissora, a começar pelo facto de ter mais centímetros. Nomes como Gonçalo Delgado (Benfica/2,03 metros), Rafael Lisboa (Benfica/1,83), Vlad Voytso (FC Porto/2,00), Francisco Amarante (FC Porto/1,94) ou Daniel Relvão (FC Porto/2,08 metros), deverão merecer vários minutos no campeonato, ao mesmo tempo que alguns deles estarão ao serviço das respetivas equipas B, na Proliga.