Ana Rita Vigário vai ser a diretora dos Grandes Prémios O JOGO, Douro Internacional e JN
Grandes Prémios O JOGO, Douro Internacional e JN vão dar um exemplo, colocando pela primeira vez uma mulher a dirigir as maiores corridas
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"Foi uma surpresa e deixou-me orgulhosa", disse Ana Rita Vigário depois de ter aceite o convite para ser a diretora de corrida do Grande Prémio O JOGO (21 a 25 de abril), do GP Douro Internacional (14 a 18 de junho) e do GP "Jornal de Notícias" (2 a 9 de setembro), três das maiores corridas do calendário português. Será um passo inédito da Global Media, pois até à data apenas se conheciam mulheres como diretoras em corridas femininas.
A escolha da gondomarense não foi um acaso. Filha de António Castro, antigo corredor do FC Porto e uma das figuras mais queridas do pelotão nacional, e sobrinha de Manuel Castro, também antigo profissional, sente-se "nascida no ciclismo", passou por quase todos os cargos dentro da modalidade e tornou-se numa das pessoas mais formadas do ciclismo português.
"Dirigir as corridas da Global Media deixa-me orgulhosa, mas sei que estarei à vontade. No mundo do ciclismo todos conhecem a Ana Rita"
Corredora a partir dos 20 anos, "porque na altura éramos poucas", ainda fez uma carreira internacional, "depois de a Isabel Caetano me levar para a espanhola Spol". Embora repartida por estrada, ciclocrosse (venceu a Taça de Portugal) e BTT (campeã nacional de rampa e de XCO), também correu em França, na Épiney-sur-Seine, na espanhola Klimanor, e ainda "num projeto internacional português, a For Life", recorda, para terminar a carreira na bicicleta ao serviço do Sporting-Tavira, em 2018.
É filha de um famoso ex-ciclista, foi corredora, treinadora e selecionadora feminina, formou-se em Psicologia, tem um curso único em Portugal e, aos 45 anos, vai dirigir as maiores corridas.
Incansável, nunca parou de estudar e já era treinadora quando ainda corria. A Federação Portuguesa de Ciclismo convidou-a a seguir para selecionadora nacional feminina. "Tive excelentes experiências, como nos Europeus da Juventude, em Baku, onde tinha um excelente grupo. Dali saíram Beatriz Roxo, Daniela Campos ou Beatriz Pereira. E a Maria Martins, que já estava em ponto mais avançado", lembra.
Com um mestrado em Psicologia, estando atualmente a fazer o doutoramento, e ainda inscrita no curso de Psicologia de Desporto do Comité Olímpico de Portugal, lembra que os estudos sempre foram úteis, "porque os atletas têm de ser acompanhados por equipas multidisciplinares", e não se intimida por ter de dirigir três das maiores corridas nacionais. "Não me imaginava diretora de corrida. Tenho alguma experiência, pois como selecionadora estive ligada à organização e áreas técnicas de várias corridas, mas estar nas provas da Global Media, com a importância que têm, deixa-me orgulhosa. Sei que estarei à vontade, até porque terei sempre a ajuda do Cândido Barbosa. Não espero dificuldades, porque todos conhecem a Ana Rita e no mundo do ciclismo profissional existe muito respeito", diz.
"Éramos cinco quando comecei, agora dá gosto"
Dirigir as corridas da Global Media "será bom, para se perceber que as mulheres podem desempenhar qualquer cargo no mundo do ciclismo", mas será também mais um passo num setor que mudou muito.
"Quando comecei éramos cinco, tínhamos de terminar todas para se homologar o Campeonato Nacional", agora o pelotão das mulheres "dá gosto ver, sobretudo na Volta a Portugal Feminina, com estrangeiras de valor e portuguesas a darem-lhes luta".
Ana Rita Vigário esteve o ano passado na corrida, dirigindo o carro do apoio neutro Shimano, e destaca a influência do presidente da FPC, Delmino Pereira, "que ao criar provas ajudou a este "boom", que continuou com a aposta das equipas profissionais". E faz um destaque: "Começa a haver futuro para as mulheres como ciclistas, mas elas estudam