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AFP
Alejandro Valverde, o mais destacado ciclista espanhol dos últimos 20 anos, correu hoje pela última vez na Vuelta, que o homenageou de forma sentida, deixando-o entrar isolado no circuito final, em Madrid.
Logo no arranque desta etapa final da Volta a Espanha, ficou claro a admiração dos 'pares' ao histórico ciclista da Movistar, que, aos 42 anos, vai finalmente 'arrumar' a bicicleta, após uma bem sucedida carreira, selada com o 13.º lugar na geral individual.
O pelotão prestou-lhe uma 'guarda de honra' em Las Rozas, no arranque da etapa, de 96,7 km - homenagem estendida a Vicenzo Nibali (Astana), que se retira com 37 anos - o "Tubarão do Estreito" é um dos sete a conseguirem vencer uma das grandes Voltas, um dos dois em atividade, juntamente com o britânico Chris Froome. Depois, já em Madrid, foi o momento das palmas do público para o antigo campeão do mundo, que também foi vencedor da Vuelta.
Como já se sabia desde a última alta montanha, no sábado, a vitória final da Volta a Espanha foi para o belga Remco Evenepoel, da QuickStep-Alpha Vinyl, que aos 22 anos arrecada o seu primeiro grande sucesso ao nível da elite, depois de 'ter ganhado tudo' nos escalões jovens.
A QuickStep-Alpha Vinyl consegue, com ele, o seu primeiro sucesso em classificações finais de grandes Voltas, protegendo sempre muito bem o seu 'pequeno canibal', nome que alude a Eddy Merckx e que começa a ficar-lhe cada vez melhor. Há 44 anos que não havia um belga a terminar em primeiro nas voltas a Espanha, França ou Itália. Os últimos tinham sido Freddy Maertens, em 1977, na corrida espanhola, e Johan De Muynck, no Giro, em 1978.
Com as posições dos primeiros bem definidas, o circuito de Madrid pautou-se por poucos ataques e a tradicional chegada ao 'sprint', no qual houve surpresa, com a vitória do colombiano Juan Sebastián Molano (UAE Emirates), ligeiramente à frente do dinamarquês Mads Pedersen (Trek-Segafredo) - vencedor de três etapas e da camisola verde dos pontos - e do alemão Pascal Ackerman, companheiro de equipa de Molano.
O colombiano e um pequeno grupo de mais 28 foram cronometrados em 2:26.36 horas, 11 segundos à frente de um segundo pelotão, em que estavam os principais nomes, com a exceção do espanhol Juan Ayuso (UAE Emirates), que entrou com os primeiros.
Remco Evenepoel é o vencedor final, como já era certo, e o pódio da geral individual completou-se com os espanhóis Enric Mas (Movistar) e o muito jovem Juan Ayuso, que acabou por se tornar ao longo da corrida o inevitável líder da equipa, com o português João Almeida a ter de descer para segundo plano, apesar do bom quinto lugar final.
Ayuso passa a ser o segundo mais jovem de sempre em pódios de grandes Voltas - só batido pelo francês Henri Cornet, que, em 1904, venceu o Tour, também com 19 anos - e este ano muito ajudou ao sucesso coletivo da UAE Emirates.
Com Ayuso, Almeida, o esloveno Jan Polanc (12.º) e Marc Soler (27º e eleito hoje o mais combativo), a equipa dos Emirados Árabes Unidos surpreendeu as aparentemente mais fortes Movistar e INEOS.
Entre os grandes perdedores, o nome que surge logo é o do esloveno Primoz Roglic (Jumbo-Visma), que se apresentava como tricampeão da Vuelta e que foi o que mais contestou o domínio de Evenepoel, até não alinhar para a 17.ª etapa, no seguimento de uma queda na véspera, quando dava tudo por tudo.
Quanto ao equatoriano Richard Carapaz (INEOS), cedo ficou claro que ficava longe da discussão do pódio e fecha a Vuelta em 14.º, mas termina com o brilho de três etapas vencidas e o prémio da montanha.
Remco Evenepoel mostrou com a vitória no Alto del Piornal, na 18.ª etapa, que já está bem preparado para provas de três semanas, isto depois de ter triunfado de forma imperial o contrarrelógio da 10.ª etapa, a mais de 55 km/ hora.
Enric Mas esteve sempre perto dele, na montanha, e perde a Vuelta sobretudo pela diferença no 'crono'. Fica a 2.05 minutos, firme no segundo lugar, a que chega pela terceira vez.
Surpreendente, mesmo, foi o terceiro lugar de Ayuso. A cinco dias de completar 20 anos, já deixa a Espanha a 'sonhar' com uma figura de primeiríssimo plano para os próximos anos.
Perde para Evenepoel por 4.57 e segura firme o pódio, com 59 segundos de vantagem para o colombiano Miguel Angel Lopez, líder da Astana.
João Almeida fecha o "top-5, a 7.24", e faz pela terceira vez na carreira top-10 numa grande Volta, depois do quarto lugar no Giro em 2020 e o sexto do ano passado, também em Itália.
Aos 24 anos, ainda entra nas contas do prémio da juventude, em que termina terceiro, atrás de Evenepoel e Ayuso.
Hoje, Almeida perdeu 19 segundos (foi 54.º), o que não deu para fazer tremer a sua posição na geral.
Os também portugueses Ivo Oliveira (UAE Emirates) e Nélson Oliveira (Movistar) entraram no grupo da frente, em 20.º e 21.º, respetivamente.
Nelson Oliveira manteve o 37.º lugar, a 1:31.42, e Ivo Oliveira subiu um 'furo', para 131.º, a 5:19.55.
