"A única hipótese de conseguir olhar para a cara do Geraint Thomas era vencer"
Polaco Michal Kwiatkowski conquistou a camisola amarela no final da 44.ª Volta ao Algarve em bicicleta, após vencer no Alto do Malhão.
Corpo do artigo
O polaco Michal Kwiatkowski "roubou" a camisola amarela no final da 44.ª Volta ao Algarve em bicicleta, após vencer no Alto do Malhão, relegando para segundo o britânico Geraint Thomas, colega de equipa na Sky. À partida de Faro, antes de o pelotão percorrer 173,5 quilómetros até ao Alto do Malhão, em Loulé, poucos acreditariam que Thomas perdesse os 19 segundos de vantagem para o colega e muito menos que o polaco pudesse atacar a liderança do galês. Contudo, logo aos 15 quilómetros, formou-se uma gigantesca fuga, com 31 elementos, entre os quais Kwiatkowski. Podia pensar-se que seria uma tática para obrigar as outras equipas a trabalhar na frente do pelotão.
No entanto, era a própria Sky que controlava o ritmo na frente do pelotão, sem nunca conseguir que a fuga estivesse a menos de 3.30 minutos e com o andar dos quilómetros começou a perceber-se que o vencedor da Algarvia em 2014 se tornava, a pouco e pouco, o grande candidato à vitória final.
"Não foi um cenário ideal para nós lançar-me na fuga. Não foi um cenário típico decidir a camisola desta forma. Mas havia tanta gente a tentar fugir e eu vi uma oportunidade. Isso estava bem para o Geraint. Corri toda a etapa sob grande pressão, porque, se fizéssemos alguma coisa errada, podíamos perder o primeiro e o segundo lugar", assumiu Kwiatkowski.
Depois de vários ataques no grupo da frente, dos quais os mais consistentes o de austríaco Lukas Postlberger (BORA-hansgrohe), que passou isolado na primeira passagem pelo Malhão, e do checo Zdenek Stybar (Quick-Step Floors), acabou por ser Kwiatkowski, por obrigação, a vencer no topo da contagem de montanha de segunda categoria. "Tinha na minha cabeça que a única hipótese de conseguir olhar para a cara do Geraint Thomas era vencer a etapa. Por isso é que tentei fazê-lo", confessou.
Em grande esforço, o campeão português de fundo, Ruben Guerreiro (Trek-Segafredo), ainda tentou ir 'buscar' o polaco, mas não conseguiu ir além do segundo lugar, a quatro segundos, perante a emoção do seu pai.
Na terceira posição, chegou o belga Serge Pauwels (Dimension Data), a oito segundos.
Geraint Thomas chegou 1.50 minutos depois do seu companheiro de equipa, num grupo em que vinha também o holandês Sam Oomen (Sunweb), que confirmou o estatuto de melhor jovem.
Após a "traição" do seu companheiro de equipa, Thomas viu 'esfumar-se' a hipótese de vencer e de se tornar o primeiro estrangeiro a vencer a Volta ao Algarve por três vezes, terminando a 1.31 minutos de Kwiatkowski.
O português Nelson Oliveira (Movistar) não conseguiu manter-se no grupo da frente e acabou por ceder a cerca de dois quilómetros da meta, cedendo o seu lugar no pódio ao norte-americano Tejay van Garderen (BMC) e caindo para o 10.º lugar da geral, embora tenha sido, de longe, o melhor português.
Kwiatkowski ainda venceu a classificação por pontos, com a Sky a ser a melhor equipa e o norte-americano Benjamin King (Dimension Data) a coroar-se 'rei' da montanha.
Entre as equipas portuguesas, Gustavo Veloso (W52-FC Porto), que integrou a fuga, foi o melhor na etapa, na 19.ª posição, enquanto o espanhol Vicente García de Mateos (Aviludo-Louletano) 'venceu' nesta hierarquia, ao ser 17.º na geral.