Ricardo Costa, antigo internacional português e treinador do Avanca analisa a derrota portuguesa frente à França.
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Os jogos onde é possível fazer história não são nada fáceis de serem jogados. Este era um desses, uma final para nós, mas não para eles. Quando as condições são muito diferentes, não é fácil. A França, ao poder perder e ser apurada, fez com que se notasse a forma desinibida como atirou à baliza de Portugal. A pressão esteve sempre do nosso lado e isso percebeu-se demasiado.
Começamos com a primeira linha mais coletiva, criámos, mas não finalizamos todos os ataques e precisávamos de Quintana para equilibrar o jogo, tendo aparecido num livre de 7 metros. O Miguel Martins e o André Gomes entraram e ajudaram a resolver os problemas, mas em termos defensivos a França soube estudar e atacar o nosso sistema defensivo 6:0. A nossa defesa ganhou a agressividade necessária com a entrada de Daymaro Salina, mas voltamos a cair em falhas no ataque. Ao intervalo a diferença no marcador não era impossível de dar a volta, mas espelhava as distâncias entre as duas equipas.
Ao intervalo, a diferença no marcador não era impossível de dar a volta, mas espelhava as distâncias entre as duas equipas
Os 30 minutos finais não foram diferentes dos primeiros, o 7x6 não foi uma surpresa para os franceses e, com o coração, tentamos lutar. Mas ontem não era o nosso dia.
Temos qualidade e ambição para fazer melhor. Não podemos estar tanto tempo fora destes palcos e, para jogarmos a um nível mais elevado, há que saber gerir estes momentos. Devemos guardá-los, porque nos fazem crescer e não só de vitórias se faz o crescimento de um país que tem de se habituar a ver andebol deste nível.
Neste momento, e fazendo um ponto da situação em relação às equipas já apuradas, e estando ainda os grupos 1 e 2 por definir, quero destacar as desilusões e as surpresas. Colocaria a Argentina, de Manolo Cadenas, no lugar de maior destaque, dado ter a possibilidade de entrar nos oito primeiros. Isso seria algo inimaginável. A grande surpresa pela negativa é a Alemanha. De todas as seleções que vi a jogar destaco a Espanha. Parece que não tem nada e tem tudo. Aproveitam tudo o que adversário lhes dá, não concedem nada. É uma das candidatas a ganhar o Mundial.
Senti orgulho em ver Portugal e há um caminho para ser percorrido.
Força Portugal!