"A parte desportiva da Volta a Portugal ficou para trás. É preciso recuperá-la"
Cândido Barbosa, presidente da Federação Portuguesa de Ciclismo, reconhece que a Volta a Portugal tem decaído nos últimos 15 anos e apela a uma reestruturação
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Com 14 participações na Volta a Portugal e um recorde de 25 vitórias em etapas, Cândido Barbosa foi uma das últimas grandes figuras da Volta a Portugal. Tornou-se depois o operador logístico e responsável da segurança, mas de “homem das barreiras” passou a um novo e decisivo papel. Eleito presidente da Federação Portuguesa de Ciclismo em outubro do ano passado, o “Foguete de Rebordosa” está agora na Grandíssima numa função mais institucional. “Por um lado, é mais fácil do que andar de bicicleta”, partilha a O JOGO, vendo vantagem no “olhar alargado” que adquiriu ao longo dos anos. “Todas as experiências me deram confiança, permitindo que hoje ainda consiga detetar algumas situações que se podem melhorar no futuro”.
Abordando essas melhorias, o antigo “ciclista do povo” concorda que a Volta atravessa um momento delicado, visível no menor público durante a subida ao alto da Torre. “A Federação pretende que a Volta seja mais sólida, recuperando a importância que perdeu nos últimos 15 anos na parte desportiva. O evento nacional não se perdeu, há público, há toda a logística que envolve a Volta e merecemos um canal aberto a transmitir em direto. A parte desportiva ficou para trás. É preciso recuperá-la, seja com quem for”, defende, em referência ao contrato com a Podium Events, vigente até 2026 e não até ao final deste ano, já que a edição especial de 2020, organizada pela FPC, não contou.
Barbosa afiança que o futuro “também passa por uma subida de escalão”. “Mas não se pode pedir uma subida de escalão à UCI quando temos um pelotão de 110 ciclistas à partida. Quando tivermos legitimidade para pedir a subida, iremos fazê-lo. Mas, primeiro, é preciso reestruturar o evento do ponto de vista desportivo”, explica, considerando que “haver várias provas internacionais ao mesmo tempo não poderá ser desculpa para este défice e carência de equipas estrangeiras”.
Custos com policiamento e pista no topo das preocupações
Ainda muito popular, dando autógrafos e tirando fotografias, Cândido Barbosa não descura o contacto com as câmaras por onde passa a Volta. “O pilar central para sustentar a formação e o ciclismo nacional são os autarcas. É preciso dar-lhes um obrigado, por nos cederem os seus territórios”, explica. O presidente da FPC deu boleia à ministra da Cultura, Juventude e Desporto, Margarida Balseiro Lopes, na quinta etapa. “Aproveitei para falar sobre a carência de um contrato-programa específico para a pista e sobre os custos com o policiamento. Está a ficar insustentável e pedimos que nos isentem a cem por cento, como acontece em Espanha”, revelou.