A jovem de 13 anos é invisual e ficou no terceiro lugar do Mundial de Surf Adaptado
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O destaque feminino desta semana foi relativamente fácil de escolher, sem prejuízo para todas as outras mulheres com desempenhos acima da média.
Marta Paço tem 13 anos, nasceu já invisual e conquistou o terceiro lugar no Mundial de Surf Adaptado, realizado na Califórnia. "E" e não "mas". Porque se há prova de que problemas de saúde ou condições físicas não podem, não devem, não têm de ser impeditivas de tudo, a jovem Marta demonstrou-o. Na verdade, o dado mais surpreendente desta história deverá ser o facto de Marta só ter começado a praticar surf no ano passado, no Surf Clube de Viana do Castelo. Os instrutores do clube desafiaram-na e parecia que estavam a adivinhar: estava ali um enorme talento.
Na água, Marta tem o apoio do treinador Tiago Prieto, que através de sinais sonoros a tenta orientar. Segundo a jovem, numa entrevista concedida ao portal "Surt Total", "a maior dificuldade é saber qual o momento certo para entrar nas ondas". No entanto, a determinação e a qualidade foram muito elogiadas pela surfista brasileira Chloé Calmon, uma das melhores do mundo que visitou o Centro de Rendimento de Surf de Viana do Castelo, em 2017. "Surfar com a Marta foi uma das experiências mais marcantes da minha vida! Eu fiquei impressionada com a força de vontade dela e como ela se sentia bem ali dentro de água: não reclamava da água fria, do vento e nem das ondas que nos pegavam de surpresa... Estava sempre a pedir pela maior onda!", admitiu a atleta em entrevista ao mesmo portal. O fascínio foi mútuo porque Marta tem em Chloé a sua grande referência.
Nesta capacidade de transformar o aparentemente impossível numa medalha de bronze, Marta faz crer que poderá trazer mais alegrias ao desporto português, ao mesmo tempo que quebra mais uma das muitas barreiras e preconceitos que ainda existem em torno da deficiência e do desporto adaptado. Talvez jovens (e não só) com condições físicas semelhantes às de Marta vejam nesta vitória um incentivo para experimentarem algo novo.
O Surf Clube de Viana do Castelo tem vários atletas adaptados e Marta não foi a única portuguesa a participar no Mundial: Nuno Vitorino, 41 anos, conquistou a medalha de cobre e Camilo Abdula, 38 anos, terminou no 13.º lugar.