"A AMA continua profundamente cética com a Rússia, apesar de continuarem os controlos antidoping"

A Agência Mundial Antidopagem (AMA) confessou hoje continuar “profundamente cética” em relação à integridade do desporto russo, embora assuma estar muito mais bem equipada do que há 10 anos para lidar com possíveis fraudes massivas.

“A AMA continua profundamente cética e preocupada com a Rússia, apesar de os seus atletas continuarem sujeitos a controlos antidoping”, enfatizou, em Lausana, o presidente do organismo sedeado na Suíça, o polaco Witold Banka, ex-atleta e ex-ministro do desporto do seu país.

Nos Jogos Olímpicos Paris2024, os russos vão poder competir sob bandeira neutra e apenas em eventos individuais, desde que não tenham apoiado ativamente a guerra na Ucrânia.

A Agência Internacional de Testes (ITA), as federações internacionais e a agência antidoping da Rússia (Rusada), suspensa pela AMA, têm acompanhado os desportistas russos, sendo que, desde o início de 2023, os dois primeiros organismos já recolheram 1.232 amostras na Rússia, “com foco em atletas de nível internacional que participam ativamente ou que pretendem participar em eventos de alto nível como os Jogos Olímpicos”.

O doping institucionalizado na Rússia entre 2011 e 2015, supervisionado pelo Ministério dos Desportos e pelo laboratório antidoping de Moscovo, atingiu seu pico nos Jogos Olímpicos de Inverno de Sochi, que o país organizou, em 2014, no que se tornou no maior escândalo internacional de doping desde a criação da AMA em 1999.

“Posso garantir que estamos mais bem equipados para gerir tal situação, caso volte a acontecer”, assegurou Witold Banka.

Esta situação, orquestrada ao mais alto nível do Estado russo, resultou no facto de a sua bandeira, hino e símbolos oficiais da nação terão sido banidos tanto nos Jogos de Tóquio2020 como nos Jogos de Inverno de Pequim2022, por decisão do Tribunal Arbitral do Desporto.

Entretanto, a Rusada continua suspensa pela AMA.

Nos últimos anos, a AMA desenvolveu novas capacidades de controlo e endureceu as sanções para os incumpridores das suas regras, com novos meios autónomos de investigação supervisionados pelo alemão Günter Younger.