Em 2025 estreia-se uma nova prova com o objetivo de distinguir a melhor equipa do planeta, a cada quatro anos. 32 equipas, entre as quais 12 europeias, vão competir durante um mês nos EUA
Corpo do artigo
Portugal vai estar em pé de igualdade com as grandes potências europeias no novo Mundial de Clubes que se estreia em 2025. Benfica e FC Porto já estão qualificados para a competição, pelo que, com dois representantes, o futebol luso estará no mesmo patamar que Inglaterra, Espanha, Itália e Alemanha, também com dois representantes.
Um cenário em contra-corrente com a tendência generalizada no ranking da UEFA, uma vez que Portugal está abaixo de França e Países Baixos, agora bem mais perto da elite continental a nível de clubes. Nesta prova, porém, tanto a França como os Países Baixos só poderão ter o máximo de um representante: os franceses já o garantiram, através do Paris Saint-Germain, enquanto os neerlandeses só podem estar presentes caso o PSV vença a Liga dos Campeões desta temporada.
A realizar em junho de 2025 nos Estados Unidos, esta será a primeira edição de uma prova que, depois, vai realizar-se de quatro em quatro anos, tal como acontece com os Campeonatos do Mundo de seleções. O Mundial de Clubes será sempre um ano antes da maior prova planetária da FIFA, que vai ter a próxima edição em 2026, na mesma zona geográfica, aliás (Canadá, México e Estados Unidos). O que significa que, se o mesmo critério for adotado para a edição seguinte, o Mundial de Clubes de 2029 realizar-se-á em Portugal, Espanha ou Marrocos, países que têm a seu cargo o Mundial’2030.
A “colagem” dos clubes portugueses à elite só foi possível graças ao formato da competição. É que cada país pode ter um máximo de dois representantes, ainda que com uma possível exceção, caso o vencedor da Champions seja do mesmo país em três de quatro edições.
Como a Europa tem direito a 12 vagas, quatro dos apurados são os vencedores das quatro edições da Liga dos Campeões nos anos anteriores. É por isso que, para 2025, Chelsea, Manchester City e Real Madrid já estão qualificados. A Inglaterra, porém, pode vir a ter três clubes, o que acontece se esta época a Champions for ganha pelo Arsenal (adversário do FC Porto nos oitavos de final). Se tal se verificar, os gunners juntam-se a blues e a citizens. Ao mesmo tempo, se esta Champions for ganha por alguma das equipas que já está apurada (ver quadro ao lado), então a vaga respetiva será preenchida mediante um ranking de desempenhos na Champions nos últimos quatro anos (desde 2020/21).
Uma mecânica que faz com que já se saiba que será apurada mais uma equipa de Itália, Espanha e Alemanha. Quanto a Itália, com o Inter já apurado, a segunda vaga será discutida entre Juventus, Nápoles e Lázio. Na Alemanha, Dortmund e Leipzig são os candidatos a juntar-se ao Bayern, enquanto em Espanha concorrem Atlético de Madrid, Barcelona e Real Sociedad, com o Real Madrid já garantido. De entre estas equipas citadas, Lázio e Real Sociedad só podem apurar-se no caso de vencerem a Champions. As restantes podem classificar-se pela posição no ranking mencionado acima.
Saturação gera receios
O surgimento desta prova suscitou críticas em vários setores, quase todas relacionadas com a saturação do calendário internacional, que passa a agora a ter três grandes competições a cada ciclo de quatro anos. Os jogadores do Velho Continente e da América do Sul, por exemplo, disputarão os seus torneios continentais de seleções, o Mundial de Clubes e o Campeonato do Mundo em três anos seguidos, pelo que, a partir daqui, muitos jogadores de topo só terão um período de férias mais alargado no verão num ano em cada quatro.
Em comunicado, a FIFPro criticou a FIFA, salientando que “os jogadores são forçados a atuar depois de uma época de 11 meses, com poucas hipóteses de terem tempo de descanso suficiente antes do início da época seguinte”. O evento de verão com duração de um mês “demonstra uma falta de consideração pela saúde mental e física dos jogadores participantes, bem como um desrespeito pelas suas vidas pessoais e familiares”, acrescentou ainda o sindicato internacional de jogadores.
A liga espanhola foi outra entidade a criticar a competição, avançando mesmo com uma denúncia formal para o Tribunal Arbitral do Desporto. “Estas decisões tomadas de forma unilateral e sem aviso prévio sobre o calendário, com a adição de novos torneios internacionais, danificam de forma irreversível todo o ecossistema do futebol”, defende La Liga.
Há grandes que ficam de fora
Alguns dos principais clubes europeus já sabem que não têm hipótese de participar nesta prova. É o caso do Liverpool, por exemplo, que apesar de ser quarto classificado no ranking de clubes da UEFA viu as vagas inglesas tapadas por Chelsea e Manchester City, por terem vencido a Champions em 2020/21 e 2022/23, respetivamente
O mesmo acontece, aliás, com outro gigante inglês, como é o caso do Manchester United, que já venceu três vezes a maior competição de clubes da Europa (o Liverpool ganhou seis).
De entre os históricos, também os italianos do AC Milan sabem que não podem participar, e isto apesar de terem ganho sete Ligas dos Campeões na sua história (só o Real Madrid tem mais). Nos clubes já apurados, só o PSG nunca foi campeão europeu.