Filipe Gouveia e o futebol na Arábia Saudita: "Almoçavam no McDonald’s no dia do jogo..."

Filipe Gouveia chegou à Arábia Saudita em 2019, onde encontrou uma realidade bem diferente daquela que estava habituado na Europa.

Em termos sociais, como foi a experiência na Arábia Saudita?
-Socialmente, houve uma evolução muito grande na Arábia Saudita. No primeiro ano, em 2019, quando cheguei lá, as mulheres ainda não conduziam, os restaurantes tinham três salas, uma para famílias, uma para homens e outra para mulheres. As cidades onde trabalhei eram muito fechadas. Não se via a cara das mulheres, porque estavam tapadas com a burka. Essa parte é a que choca mais para quem está a chegar. Mas as coisas começaram a evoluir, agora já se vê mulheres só com o lenço na cabeça e com a cara destapada, algumas até sem lenço. Nas cidades grandes, como Riade, as mulheres já não andam de burka e muitas já conduzem. Já se vê, inclusive, muitas mulheres nos estádios, mas, na altura em que cheguei, havia apenas um sítio nos estádios só para as mulheres. Como o álcool é proibido, não poder beber o meu copo de vinho à refeição também custava. Mas estava a trabalhar no estrangeiro e sabia que tinha me de adaptar à cultura e às regras do país. Na altura da reza, por exemplo, tínhamos de parar o treino. O próprio calor também complicou. Na Arábia Saudita é impensável treinar de manhã, porque, por vezes, estão 40 graus.

E os jogadores, tiveram de se adaptar a métodos diferentes?
-Tiveram. Quando chegámos, os jogadores iam almoçar ao McDonald’s no dia do jogo. Fomos mudando os hábitos deles aos poucos. Mudámos, por exemplo, a alimentação e consegui levar para lá um fisiologista. As equipas eram muito amadoras, mas as coisas começam a mudar. É bom quando aparecem jogadores como o Cristiano Ronaldo, que é um exemplo. Hoje em dia já todos os jogadores vão ao ginásio, mas quando cheguei poucos iam. Hoje em dia o futebol da Arábia Saudita passa nas televisões de todo o mundo.

ENTREVISTA COMPLETA NA EDIÇÃO DE 7 DE DEZEMBRO DE 2023