"Festas? Zero. Ficava em casa com os pais a ver a novela e a minha mãe ainda me fechava a porta..."
Declarações de Abel Ferreira, treinador do Palmeiras, em conferência de Imprensa após sagrar-se bicampeão do Brasil
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Abel Ferreira, em conferência de Imprensa após a conquista do bicampeonato pelo Palmeiras, lembrou os sacrifícios pelos quais passou e que tenta transmitir aos jogadores, como forma de motivação para serem um exemplo positivo para os mais jovens.
“Há renúncias que se têm de fazer. Não são só bónus. Quando eu fui jogador, tenho colegas meus que desfrutaram muito mais do que eu, tiveram muito mais namoradas do que eu - só tive uma, a que me casei. Festas? Zero festas. Ficava em casa com os meus pais a assistir à novela, à “Tieta do Agreste”, e a minha mãe às vezes ainda me fechava a porta, não me deixava ver, porque era demasiado ousada [a novela], e eu adorava ver a “Tieta do Agreste”. Ela fechava-me a porta: ‘Fica lá fora’. Eram os meus serões. Ver novela com os meus pais, sempre brasileira. Por isso é que eu entendendo o brasileiro todo, de norte a sul, o sotaque, tudo”, começou por dizer.
“São esses sacrifícios e essas renúncias que eu procuro passar a estes jogadores. ‘Se vocês acham que depois de conseguirem um contrato com o Palmeiras fizeram tudo, esqueçam, isso é só o início. Se quiserem continuar a ganhar há renúncias que têm de ser feitas. Se não as fizermos, não há como ganhar. Não há hipótese nenhuma’. Procuro-lhes passar não só a minha experiência como treinador, tudo aquilo que eu vivi, mas mais do que tudo dar-lhes os exemplos positivos. Acredito que o futebol brasileiro, podem escrever isso onde quiserem, em 10 anos vai ter uma verão muito mais bem formada e preparada para aquilo que é o futuro e a exigência do futebol. O que é ser ídolo e perceber que têm de ser um exemplo positivo para os mais novos. Acredito que o Brasil, em cinco, 10 anos, tem uma geração muito boa, mas têm de ter paciência e esperar por essa geração. Não só de jogadores, mas Homens”, concluiu Abel.