Um português desfez a defesa de Costinha, na eliminatória há muito ganha pelo Zenit e outro tratou de mostrar que haverá Paços de Ferreira, para lá do adeus ao sonho de chegar à fase de grupos da Liga dos Campeões
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O Zenit voltou a impor a lei do mais forte ao Paços de Ferreira e confirmou a passagem à fase de grupos da Liga dos Campeões com um agregado de 8-3 no play-off. Em S. Petersburgo, a equipa de Costinha jogou decidida a desafiar um adversário que, na última década, só falhou a UEFA por duas vezes e, desde 2008, em 22 jogos europeus caseiros, apenas perdeu um, para o Milan. A ilusão não tem limites e o futebol pacense tem: falha golos e, ontem, sofreu na defesa como nunca antes, por culpa de dois grandes golos de Danny, apenas atenuados pela obsessão de não desistir dos estreantes, porque ainda há a Liga Europa e um campeonato pela frente. Vítor ilustrou a história da quarta derrota consecutiva com um jogo de qualidade que empurrou para o final digno desta passagem breve pela Liga dos Campeões.
Desta vez, Costinha não mexeu no 4x3x3. Poupou Rodrigo António para o FC Porto e colocou Nuno Santos no lado direito da defesa. Pela primeira vez, não mexeu no eixo, onde manteve Ricardo ao lado de Grégory, sem poder imaginar o caos que Danny instalaria no sector, com Hélder Lopes incluído no desnorte que se seguiu ao 2-0. A meio-campo, deixou no banco Sérgio Oliveira - o pacense que mais rematou, no Dragão - e apostou, bem, em Romeu, menos experiente, de características mais defensivas, mas, com bom posicionamento e leitura de jogo e incansável no espírito de sacrifício, como se vira na primeira ocasião em que foi titular, precisamente com o Zenit. André Leão e Vítor só podiam apreciar uma companhia assim. O camisola seis que substituiu Rui Miguel quando este se lesionou, no jogo da primeira mão, é um natural titular da equipa que, tal como em Olhão, jogou com os alas do sucesso da época passada, Manuel José e Hurtado, e na frente voltou a contar com Carlão.
Spalletti fez quatro alterações relativamente ao primeiro encontro, a primeira das quais na defesa, onde o central Neto recuperou a titularidade. Manteve o perigoso Shirokov no meio-campo ofensivo, mas, desta vez, o russo ficou-se pelos serviços mínimos. Quem não facilitou foi Danny, o outro português do Zenit, que viria a ser protagonista de um jogo que começou com Manuel José e Carlão a atirarem ao lado. O Zenit admitiu o equilíbrio durante meia hora, e depois Danny avançou, tal como no Dragão, mas, agora, em vez de assistir, marcou mesmo, depois de um nó cego em Ricardo, o mesmo central que escolheria para arrasar, no regresso do intervalo, quando, já com Arshavin em campo, a desequilibrar, aproveitou a ambiguidade de um fora de jogo posicional de um companheiro para adiantar a bola entre o cabo-verdiano e Nuno Santos, passar por eles e recuperá-la para um grande remate que levantou um estádio que não se cala. Esse lance deixou marcas que nem o golo de Manuel José, no minuto seguinte, apagou. A defesa desintegrou-se e do caos nasceram mais dois golos, o de Bukharov incrivelmente fácil e o de Arshavin, de penálti, em consequência de uma falta atabalhoada de Rui Miguel. O Zenit deixou o jogo por aí e o Paços de Ferreira insistiu em dar luta. Vítor, com um ótimo jogo na derrota, liderou o assalto. Costinha gostou de ver, deu Caetano ao onze e ganhou um golo de Carlão e o jogo acabou com uma bola de Vítor no poste e mais uma promessa de que este plantel também permite sonhar e está a lutar para sacudir este pesadelo de verão.