O presidente da Câmara do Porto criticou Antero Henrique e lançou a dúvida: o que é feito do projeto Visão 611? Muito mudou desde 2006, mas há a promessa de que os frutos chegarão agora em força
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As críticas de Rui Moreira a Antero Henrique, pelo suposto fracasso do projeto Visão 611, apresentado pelo atual administrador da SAD em 2006, ganharam força no domínio virtual na sequência da derrota contra o Sporting. Os dragões responderam ao presidente da Câmara do Porto (ver peça ao lado) e, à boleia disso, O JOGO recorda-lhe no que é que o programa apresentado há 10 anos consistia, que alterações sofreu, e, já agora, tentará perceber se os objetivos então delineados foram ou não concretizados.
O que é o projeto Visão 611 e com que objetivos foi criado?
- A base do Visão 611 era a alteração completa da maneira de trabalhar o futebol do clube, de forma transversal a todos os escalões, desde o trabalho de campo até à gestão das pessoas, infraestruturas e equipamentos de ligação. As alterações foram implementadas em várias áreas, especialmente no futebol de formação, a começar pela articulação entre escolas, centro de apoio educativo, acompanhamento psicológico e coordenação entre todas essas valências e os treinos, ora no Olival, ora no Vitalis Park. No fundo, o objetivo era potenciar ao máximo a qualidade dos jogadores, para que a formação produzisse mais jogadores capazes de integrar o plantel principal e para que a equipa principal ganhasse mais vezes.
Porquê o o número 611?
- O "6" do 611 marcava o ano de implementação do projeto e o "11" definia a data em que os primeiros frutos deveriam ser colhidos. Pinto da Costa até desejou ter pelo menos seis jogadores da casa no plantel principal em 2011/12, mas só Kadú fez parte dele. Apesar disso, o Visão 611 foi elaborado para ter resultados durante muito tempo.
Que etapas foram definidas pelo projeto?
- No trabalho transversal previsto, foi montada uma escada com três degraus. O vetor "rendimento" era o último deles. O primeiro era o "recrutamento", com o aperfeiçoamento do sistema de scouting e a descoberta de mercados alternativos, que permitissem a contratação de valores emergentes a um custo reduzido. O segundo degrau - "desenvolvimento" - ficava a cargo dos treinadores, numa estrutura coordenada por Luís Castro. Em traços gerais, as duas primeiras etapas têm sido conseguidas com relativo sucesso. Falta a terceira, a mais difícil e a mais mediática. No fundo aquela que, junto do grande público, serve de barómetro.
Que alterações sofreu o trabalho de campo?
- O FC Porto criou três programas específicos para complementar os treinos das várias equipas: Escola de Guarda-redes, Programa para o desenvolvimento de capacidades individuais e Potencial Jogador de Elite (PJE). O primeiro, transversal a todo o clube, ficou a cargo de Wil Coort e envolvia o reforço de treinos específicos para os guarda-redes. O segundo foi entregue ao holandês Pepjin Ljinders e servia para melhorar a técnica individual de todos os jogadores da formação. Para o PJE seguiam apenas aqueles com mais possibilidades de chegarem à primeira equipa. Nesse programa trabalhavam-se novamente as capacidades individuais, mas aliadas à tomada de decisão, e a condição psicológica.
Que variações sofreu o projeto nos últimos anos?
- Ao nível da organização de valências, muito pouco. Mas Luís Castro deixou de ser coordenador (ficou só como treinador) e a envolvência geral do programa foi entregue ao diretor Paulo Noga, que em tempos trabalhou no Sporting, e ao treinador espanhol Pablo Sanz Iniesta, contratado sob a indicação de Julen Lopetegui, a quem a SAD deu poderes também no futebol de formação. Estes decidiram terminar com o programa Potencial Jogador de Elite.
Que obstáculos apareceram pelo caminho?
- Essencialmente a perda de vários elementos que ajudaram a delinear e implementar o projeto. Pedro Emanuel, João Brandão, Joaquim Milheiros, Ilídio Vale e, principalmente, Wil Coort e Pepijn Ljinders saíram do FC Porto e a substituição de treinadores obriga a uma adaptação e identificação que nem sempre foi fácil.