Argentino em alta. O rasgo do camisola 20, empurrado pelo auto-golo do central insular, deixa o Benfica a meio caminho da fase a eliminar. O Nacional não conseguiu esmiuçar a sofrível segunda parte dos encarnados.
Corpo do artigo
Quando a fase de grupos é tão curta - ao todo, são apenas três jogos -, vencer o único jogo fora de portas é meio caminho andado para a passagem às meias-finais. E a frieza do resultado, almofadado num lance de inspiração de Gaitán "raspado" por Mexer, dita que o Benfica assim o conseguiu ontem na Choupana, tendo agora dois jogos na Luz (Leixões e Gil Vicente) para carimbar o passaporte em definitivo.
Com Luisão e Matic em Lisboa, Jorge Jesus promoveu o regresso de Jardel e a estreia de Sulejmani no onze, deixando para Gaitán - o tal que ontem esteve em evidência - o apoio direto a Lima. Na lateral-esquerda, a novidade foi o regresso de Siqueira após longo afastamento por lesão, enquanto do outro lado (e com parcas opções para a frente de ataque) Manuel Machado apostou no mesmo onze que há dias roubou pontos ao Sporting em Alvalade. Afinal, depois da surpresa no afastamento da Taça de Portugal aos pés do modesto Santa Maria, os insulares fazem desta Taça da Liga uma aposta forte para tentar brilhar, mas depois da derrota de ontem até este objetivo perde cor na Madeira. Na prática, tudo se resume ao tal auto-golo do central do Nacional, despontado no melhor período das águias.
O Benfica entrou até entrou bem no jogo e desde cedo procurou injetar a intensidade necessária para criar problemas a Gottardi. A luta no meio-campo era ganha em recuperações e também na posse de bola, mas nem por isso o acerto no último terço conhecia a devida correspondência. E sem nunca perder o discernimento, o Nacional explanou a lição já noutros palcos mostrada: recuperação do esférico é sinónimo de busca pelo sempre irrequieto Candeias nas alas, que depois procura injetar veneno nas diagonais de Rondón.
A estratégia sofreu, porém, um forte revés com o golo encarnado, e logo na altura em que o jogo parecia mais confuso, sem ser possível beliscar o sinal mais da águia. Seguiram-se minutos de parca tentativa de reação insular, até porque Manuel Machado parecia estar a precisar do intervalo para reunir as tropas e definir nova forma de tentar incomodar Oblak. E a verdade é que o Nacional voltou mais agressivo das cabinas. Mais lestos sobre a bola e com mais vontade de procurar o sufoco da águia, os homens da casa obrigaram o Benfica a recuar as suas linhas e a defender bem mais perto da sua grande área. Machado parecia ter prevista a saída de Lucas João para a entrada de João Aurélio - passaria Rondón para o meio -, mas a lesão deste último acabou por levar a uma mera troca por troca, que deixou tudo quase na mesma. Dizemos "quase", porque João Aurélio até entrou bem e, numa das suas primeiras ações, obrigou Oblak a aplicar-se (57').
E talvez Jorge Jesus o consiga explicar melhor, mas a verdade é que esta defesa do esloveno parece ter ditado um acentuar da queda exibicional encarnada, à qual correspondeu natural ascendente nacionalista. Se parece mais óbvio que o lance possa ter motivado o fermento de confiança do Nacional, já custa mais entender como pode um crónico ao título perder tão rapidamente o controlo sobre o jogo. Manuel Machado sentiu isso mesmo e, sabendo que a derrota colocaria a sua equipa com um pé fora da Taça da Liga, arriscou mais, lançando o médio Jota no lugar do central Miguel Rodrigues (63') para passar a jogar numa defesa com apenas três elementos. A equipa respondeu, começou a recupear a bola ainda mais perto da área encarnada e o Benfica perdeu por completo o norte no setor intermediário, sujeitando-se ao acumular de cruzamentos para a área.
Foi precisamente nesta fórmula que Lucas João levou um envolvente lance a esbarrar no poste, depois de uma finalização de calcanhar a pedir melhor desfecho (75'). Foi quanto bastou para a sirene tocar no banco encarnado e Jorge Jesus apressou-se a mandar Rúben Amorim para dentro do campo, numa medida que tinha apenas um fito: recuperar o controlo das operações e acabar com o ascendente do Nacional, que parecia fazer de uma questão de minutos a chegada ao empate, apesar de Oblak nem ter sido mais chamado a intervir com monta. A entrada do português resultou em pleno e o Benfica consegue fechar o ano com o paladar da vitória.