Lopetegui já treinou muitos jogadores de topo e isso é bagagem suficiente para lidar com eles no FC Porto. Não perderá um segundo a pensar na principal lacuna que lhe apontam, garantiu à "Dragões"
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A primeira entrevista de Julen Lopetegui foi à revista "Dragões". Por estar a chegar ao clube, a conversa centrou-se mais na figura do treinador do que na análise ao novo FC Porto, mas chegou para o espanhol desmistificar algumas teorias que se foram criando à sua volta. A primeira é a suposta falta de experiência. "Não vou perder um segundo a pensar se a falta de experiência em clubes de topo me prejudica ou não nem a debater isso. É verdade que não tenho mas, por outro lado, tenho muito mais do que muitos treinadores quando começaram a treinar essas mesmas equipas de topo. Tudo depende da perspetiva", respondeu, de forma clara e dura. E até acrescentou: "Tive a sorte de treinar jogadores de topo muito tempo, tive experiências como treinador de equipa antes e a única coisa que posso argumentar é o que sinto ao treinar a minha equipa."
Desfeito o primeiro preconceito, o espanhol atacou outro: a ideia de jogo, supostamente colada ao tiki-taka que o Barcelona e as seleções espanholas difundiram. "Quando me perguntam o que quero como treinador, respondo que quero tudo. Se me perguntam se gosto do jogo bonito ou não, eu diria que gosto é de ganhar. Mas acredito que se ganha muito mais jogando bem", esclareceu. As ideias a implementar no FC Porto dependem, avisa, do grupo a construir. Mas há uma matriz da qual não fugirá: a procura da perfeição. "Quando posso correr para o espaço, corro para o espaço, mas quando não posso tenho que gerar esse espaço. Quando devo pressionar depois de perder a bola, pressiono. Temos de estar preparados para entender o que cada jogo pede e ao que nos vai obrigar", alongou-se.
O perfil de jogador que pretende definiu-o no primeiro dia: "Que queira ser protagonista." À "Dragões" especificou que o talento não é tudo para isso. "O talento tem de se apoiar no sacrifício e na intensidade. Sem uma das três coisas estamos mortos. Os jogadores que têm talento de verdade são os que entendem que o talento está ao serviço da equipa. Se não entendem isso, não são jogadores de talento, mas de momentos. E o futebol é um jogo de esforço contínuo e muito exigente", clarificou. Nomes não há. Ou melhor, não se divulgam. Se quiserem remar para o mesmo lado, serão bem-vindos. "Sou amigo quando o devo ser, sou rigoroso quando o devo ser. Não gosto da palavra severo, gosto mais de rigoroso e exigente, como exige esta profissão. Quem respeita a profissão respeita os outros e é seguro que não vão existir problemas a esse nível, porque todos estamos em busca de um objetivo comum. Quem quiser embarcar, será bem-vindo, de braços abertos. Quem não quiser, paciência", sublinhou.
Para terminarmos, o início da entrevista. Por que aceitou o FC Porto? "A primeira vez que falei com o presidente, transmitiu-me muita segurança e acreditava muito no que eu lhe dizia. Foi muito, muito fácil, foi muito rápido. O presidente queria um projeto, eu queria um projeto. O tempo do contrato não é muito importante, importante é aquilo em que acreditas", justificou. Sair da Federação Espanhola só foi fácil do ponto de vista legal. "Custou muito. Deveria sentir que por trás havia alguma coisa que me entusiasmasse muito. Apareceu o FC Porto", concluiu.