Treinador resiste

Da noite longa do Dragão saiu uma pergunta a que Pinto da Costa não respondeu de forma clara, mas cuja solução está nas entrelinhas. "O treinador apresentou o pedido de demissão? Está a dar-me uma notícia. Não foi para falar disso que aqui vim nem é para isso que aqui estou", atirou, quando comentava a atuação policial à saída do estádio. O JOGO sabe que a posição de Paulo Fonseca foi, naturalmente, debatida. A conversa com Pinto da Costa ocorreu pouco depois do final do jogo e, ainda que o treinador tenha novamente vincado não estar na disposição de criar entraves à saída se fosse essa a opinião diretiva, a verdade é que foi o cenário da continuidade que saiu dessa curta conversa. Assim, Fonseca vai orientar o treino desta manhã (11h00) e comandar a equipa na deslocação à Alemanha (partida na quarta-feira, jogo na quinta).

Aliás, até a inflexão no discurso do treinador entre a "flash interview" e a conferência de Imprensa deixava antever este cenário. Depois de ter dito que ia "falar com o presidente", quando questionado sobre a continuidade, teve um discurso mais circular já depois de a conversa ter acontecido. "Que ideias vou trocar com o presidente? As habituais a seguir a um jogo, como faço sempre", disse, já na sala de Imprensa.

Ora, o facto de o treinador continuar não significa que esteja tudo na mesma. A noite de ontem foi marcante, porque a hostilidade das bancadas se fez sentir como nunca e as contas da época do FC Porto também ficaram em xeque. A contestação visou-o muito diretamente e até as claques, que têm vincado uma enorme compreensão para com a deterioração da qualidade do jogo e dos resultados, explodiram contra Fonseca, a quem disseram, ruidosamente, "pede a demissão". Esse foco de crítica prolongou-se muito após o apito final, já que à saída da garagem se concentraram cerca de cem adeptos. Pinto da Costa e as altas esferas da SAD deram a cara e estiveram à vista dos contestatários durante uma hora, exigindo que a polícia deixasse os jogadores sair pela zona onde se concentravam os adeptos.

Este episódio leva a que se conclua que a continuidade de Fonseca não garante a pacificação do clima em torno da equipa. O treinador discutirá em Frankfurt a continuidade na Europa e, se os resultados não aparecerem, é óbvio que as condições externas para o reforço da aposta nesta equipa técnica vão ser cada vez mais exíguas. Isso potencia que se especule sobre cenários futuros e isso acontecia já ontem à noite, com a RTP a apontar o nome de Marco Silva e muitos rumores a nomear André Villas-Boas, o que é recorrente a cada período mais tremido do FC Porto.

É do senso comum que o não aparecimento dos resultados tornaria a continuidade de Fonseca insustentável e que a SAD estará, a partir do ruidoso cartão vermelho ontem exibido pelos adeptos ao treinador, a equacionar cenários futuros. Certo, insiste-se, é que hoje há treino às 11h00 e que Paulo Fonseca orienta a equipa contra o Eintracht Frankfurt.