Izmailov é aposta do treinador, mas tem de se moldar aos conceitos que este pretende implementar. Paulo Fonseca exigiu-lhe rasgo, já depois de também ter insistido com os outros extremos
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Desta vez foi Izmailov e a conversa não durou "apenas" 15 minutos, mas mais de 20, só terminando porque era hora de regressar ao hotel. "Continuamos depois", terminou Paulo Fonseca, perante um russo que praticamente só ouviu e acenou com a cabeça. O treinador do FC Porto continua a insistir nas conversas mais restritas. Anteontem fê-lo com todo o meio-campo. Ontem apenas com Marat Izmailov. "Não vais para cima. Tens de arriscar mais", pediu-lhe, numa das poucas frases audíveis a uns 30 metros de distância. Os gestos corroboraram o pedido. O novo técnico do FC Porto quer extremos mais ousados e exige que estes partam para cima dos adversários e encostem bem alto na pressão. Izmailov não é um jogador assim. E Paulo Fonseca está a tentar moldá-lo à imagem daquilo que pretende para a equipa. A conversa - mais em forma de monólogo - aconteceu no meio do campo, quando o restante plantel já alongava. E Izmailov assumiu a postura de recetor. Fonseca ia explicando. E gesticulando. E insistindo numa série de pormenores que tinham a ver exclusivamente com o seu comportamento individual atual e o que o novo timoneiro do barco azul e branco pretende ver no futuro para lhe dar os minutos e estabilidade que o russo procura desde que abandonou o Sporting.
Durante a sessão, a equipa técnica já havia insistido muito com outros dois extremos, curiosamente num exercício de finalização cujo enfoque era precisamente a conquista da linha de fundo pelos alas e o cruzamento para a área. Primeiro, foi Nuno Campos a falar com Licá. "Não vires nunca as costas ao que está acontecer. Mostra-te e afunda. Mas se o defesa defender de outra forma [exemplificou] podes fazer de outra forma. Há sempre uma solução e tu consegues", motivou. A seguir entrou em ação Fonseca e ambos falaram com Kelvin. Depois, a solo, o treinador apareceu para corrigir Iturbe num par de ocasiões, perante o claro desagrado do argentino, a quem os colegas também constantemente pediam coisas. O treinador chegou a parar o treino para falar com ele e, com as mãos, virá-lo para aquela que considerava, no momento, a posição correta. Iturbe não respondeu. Mas melhorou e, depois de o provar com ações, o treinador foi o primeiro a aplaudir. E até Maicon subiu para lhe dar uma palmada.