Deixou em janeiro o clube que representou ao longo de 13 anos, depois de passar de capitão e referência na defesa a último recurso para o meio-campo defensivo. Daniel Carriço deu conta a O JOGO, em entrevista exclusiva, dos "momentos muito complicados" vividos em Alvalade, congratulou-se com a retoma dos leões com a aposta na formação, abordou o relançamento da carreira no Sevilha e apontou à Seleção
Corpo do artigo
Agarrou a titularidade no eixo da defesa ao lado de Polga, quando Tonel se lesionou, ainda sob o comando de Paulo Bento, e foi primeira escolha para Carvalhal, Paulo Sérgio e Couceiro. Foi capitão, caiu no banco, não renovou e optou por sair para se "sentir útil". Tudo foi contado na primeira pessoa, em entrevista exclusiva a O JOGO, por Daniel Carriço, que se congratula com o retomar da aposta na formação dos leões.
Depois de duas épocas e meia como titular indiscutível no eixo da defesa, deixou de ser opção com a chegada ao Sporting de jogadores como Onyewu, Rodriguez ou Xandão. Como foi viver esse momento? Sentiu-se injustiçado?
São águas passadas, não vale a pena estar a pensar ou a falar muito nisso. Mas foi muito complicado, foi um período difícil da minha vida. Passei de capitão e de primeira opção para jogador menos utilizado, que quase não contava. Foram momentos difíceis para mim, mas não vale a pena ficar no passado, agora estou completamente focado no Sevilha, em mostrar o meu valor e afirmar-me na equipa.
Com a Direção de Godinho Lopes e sob o comando de Domingos Paciência, deixou de ser opção para a defesa, mas foi o pronto-socorro com a lesão de Rinaudo. Na época seguinte, nem isso... A saída era a única solução?
Na altura fui tendo conversas com os vários diretores que se sucederam e houve várias abordagens para renovar, o que acabou por nunca se concretizar. A certa altura senti que o momento tinha passado e que precisava de me sentir útil e isso já não acontecia no Sporting.
Tem acompanhado a campanha do Sporting?
Sim, sempre. Está no rumo que devia ter seguido sempre, que é a aposta na formação. Toda a gente sabe que é dos maiores trunfos do Sporting, está no seu ADN, e faz todo o sentido aproveitar os bons jogadores que saem da formação, e é isso que se voltou a fazer. Têm estado muito bem, estão nos lugares da frente e, se não se deixarem iludir, vão estar mais perto do sucesso. Isso é muito importante e muito bom.
Todos no Sporting, do presidente ao treinador, passando pelos próprios jogadores, têm recusado a condição de candidatos ao título, apesar de estarem em segundo lugar e na luta pela liderança. O Sporting é candidato ou não?
Estão na luta, mas ainda é cedo para se ter uma noção mais exata da capacidade para consolidar esse posto que ocupam e a condição de candidato que a classificação aponta. Acho que a postura tem sido a correta, e o discurso também. Ainda há muito campeonato pela frente e muita coisa pode ainda acontecer. Agora vão ter o clássico com o FC Porto, que pode ajudar a definir um pouco mais as coisas.
E para o clássico, que expetativas podem ter os sportinguistas?
Boas, mas moderadas. O Sporting tem estado muito bem, mas um clássico é sempre complicado e, no Dragão, ainda mais. Os jogadores têm de estar confiantes no seu valor e na capacidade da equipa, mas de certeza que estão conscientes de que não vai ser fácil e de que vão ter de dar tudo, porque o FC Porto é um adversário muito forte e vai querer marcar posição.