Para o atual treinador do Tottenham, Viena é um marco no imaginário portista que Paulo Fonseca deve capitalizar
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É uma verdade à espera de ser desmentida: sempre que o FC Porto joga em Viena, conquista um título europeu. A história tem três atos e a cada visita à Áustria vê reforçada a sua componente mágica, num encanto que o plantel de Paulo Fonseca tentará prolongar ao longo da época internacional que amanhã começa. Para André Villas-Boas, que sabe de cor cada pedaço da história dos dragões em Viena, a emoção do palco deve preencher o imaginário do plantel. Em declarações exclusivas a O JOGO, o treinador do Tottenham explicou como cativou o grupo para um triunfo histórico há dois anos.
Com o apuramento garantido para a fase seguinte da Liga Europa, o FC Porto virou o duelo contra o Rapid e venceu com um hat trick de Falcao perante a presença dos campeões europeus de 1987. Nem a folga matemática no Grupo L motivou uma gestão diferente por parte dos dragões. "O clube teve imediata preocupação de fazer transportar alguns dos heróis de Viena com o plantel. A presença deles no treino anterior ao jogo foi fundamental para transmitir um pouco do que sentiram e viveram naquele dia. Para nós, tudo se conjugou numa viagem perfeita", sintetiza sobre a última das vitórias no Prater, conquistada sobre um manto de neve: "Tendo em conta o local, as condições adversas e a presença das figuras míticas do clube, tudo o que fizemos foi tirar partido de todas essas emoções para dar uma alegria aos adeptos, que de certa forma reviveram um momento único na nossa história."
Villas-Boas fala com entusiasmo de um palco histórico para o FC Porto. Como adepto, vibrou com a final contra o Bayern de Munique. "Assisti ao jogo em casa da minha avó. Era um miúdo com 10 anos, estava de cachecol ao pescoço, e celebrei essa vitória com grande entusiasmo. Se bem me recordo, não fui festejar para a Avenida dos Aliados, mas lá por casa poderão ter tentado embebedar-me com um copo de champanhe", contou antes do jogo com o Rapid, quase uma década depois de ter ajudado Mourinho, enquanto observador da equipa técnica, a desmontar o Áustria Viena, batido por 1-0 para a Taça UEFA 2002/03 no primeiro dos regressos do FC Porto ao Prater.
Para o treinador, tudo isto se resume numa palavra: emoções. Uma dimensão que o futebol deve capitalizar, acredita. "As cargas emocionais desempenham um papel fundamental. Futebol é paixão e emoção fora e dentro do terreno do jogo. Dentro dele os valores da transcendência, da coragem, da vontade de ser melhor que o adversário são decisivos na obtenção da vitória. É no campo da motivação que os grandes líderes retiram o máximo de cada um dos seus jogadores, muito mais do que no dia a dia do treino, na minha opinião", realça, lançando o "take 4" de uma saga mágica do FC Porto no Prater.