Presidente não foi ao balneário após o dérbi e saiu do estádio pouco depois do apito final. Jesus não encaixou e fez-se ouvir...
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Não foi só com o apito final no dérbi do passado sábado que tudo acabou mal para o Sporting, como se não bastasse a derrota em casa para o rival Benfica, que lhe usurpou a liderança. O JOGO sabe que, depois de abandonar o recinto após o termo do encontro sem agradecer aos adeptos como é seu hábito - contrariamente ao que fez a equipa -, Bruno de Carvalho não se demorou muito mais nas instalações do Estádio José Alvalade, as quais abandonou rapidamente e, ao contrário do que foi ontem noticiado, sem se dirigir ao balneário. Jorge Jesus não escondeu quão agastado ficou com a atitude do presidente.
Assim que se ouviu o silvo final de Artur Soares Dias, confirmando o triunfo encarnado e a troca de lugares nos dois primeiros postos da tabela, Bruno de Carvalho ficou abatido, a fitar o vazio sentado no banco de suplentes, enquanto a turma verde e branca, cabisbaixa, se condoía no relvado. Jorge Jesus encarregou-se de liderar a equipa ainda no retângulo de jogo, indicando-lhes a direção das bancadas, por forma a agradecer o apoio da vasta falange de adeptos que foi a Alvalade incentivar a equipa. Pouco depois, quando todos os intervenientes no dérbi haviam abandonado as quatro linhas, o líder do Conselho Diretivo e SAD dos verdes e brancos esteve durante breves instantes a trocar impressões com o técnico, junto à zona da flash interview. Porém, no tempo que mediou entre as entrevistas rápidas e as habituais conferências de Imprensa, Bruno de Carvalho pediu ao seu motorista para o levar de volta a casa.
Quando Jesus retornou ao balneário, onde o presidente é presença assídua, não gostou de ser confrontado com a ausência deste, mostrando todo o seu descontentamento, não diante dos jogadores, mas sim aos seus pares da equipa técnica, na zona que lhes é reservada fora do raio de audição dos atletas. O treinador apontou contrastes à postura do presidente na hora da vitória e da derrota, mas foi aconselhado a ter calma.
Surge assim mais um ponto de fricção entre Bruno de Carvalho e Jorge Jesus, aumentando uma tensão já adiantada pelo nosso jornal. Os primeiros sinais de discordância entre as principais figuras do Sporting de hoje tornaram-se mais visíveis com o que JJ considera ser uma fraca intervenção da SAD no mercado de transferências. A necessidade de vender, agravada pela incapacidade de contratar, vendo os alvos fugir para os rivais, nunca passou pelo estreito do técnico, que desde a pré-temporada se queixa também de falhas ao nível da logística. Os problemas começaram a acumular-se nas últimas semanas (ver peças em anexo) e a perda de gás da equipa tem-lhe conferido maior dimensão. A retirada do líder piorou o clima.