Pela segunda temporada consecutiva, o Benfica voltou a reservar bilhete para o jogo que define a conquista da Liga Europa e para isso teve de superar a qualidade da Juventus com igual dose de empenho e... arte a defender
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Não foram raras as vezes em que Jorge Jesus explicou resultados positivos do Benfica com a arte demonstrada em situação defensiva e ontem voltou a colocar esse argumento em cima da mesa, no fim do jogo com a Juventus, depois de a equipa o ter justificado durante 98 minutos. É verdade que o adversário pressionou muito, criou e desperdiçou várias oportunidades de golo, mas a resistência encarnada chegou e sobrou para segurar o empate - o primeiro em 14 jogos em Itália (mais dez derrotas e três triunfos) - e colocar um carimbo no passaporte que regista a décima presença em finais europeias de 14 heróis, que não tiveram pena nenhuma da Juventus.
E ao Benfica até aconteceu um pouco de tudo. Depois das interrogações quanto à disponibilidade de Enzo Pérez, o médio argentino acabou expulso pouco depois da hora de jogo, deixando os encarnados a defender com dez, mas ainda viria a lesão de Garay, a um minuto dos 90, que obrigou a equipa a mais nove minutos de sofrimento... com nove elementos em campo. E nem assim a Juventus encontrou argumentos para quebrar a resistência de um conjunto de jogadores que funciona como um bloco. Como já havia acontecido em dois jogos contra o FC Porto, ambos no mês passado, o Benfica terminou em inferioridade numérica, mas resistiu e não deixou fugir o êxito.
A estratégia montada por Jorge Jesus, que devolveu a titularidade a Garay, Luisão, Gaitán, Markovic e Rodrigo comparando com o último jogo no Dragão, também ajudou à festa e à qualificação para a segunda final consecutiva - na era Jesus igualou o Chelsea neste número e apenas Atlético de Madrid e Bayern têm mais uma -, com um esquema tático semelhante ao que rendeu o triunfo, por 2-1, na Luz na primeira mão. A diferença chamou-se Lima (no lugar de Cardozo), que se uniu a Rodrigo, e Enzo Pérez numa segunda linha, numa pressão alta que afetou a engrenagem da máquina adversária, obrigando Pirlo a jogar muito longe da área encarnada e, com isso, a perder capacidade para assistir os avançados com a frequência a que estão habituados.
No entanto, e depois de uma entrada personalizada do Benfica a controlar o adversário durante 25 minutos, com posse de bola criteriosamente gerida, a Juventus passou a explorar o jogo interior de Pogba e Vidal, e em consequência as incursões dos alas Asamoah e Lichtsteiner. Mesmo com Pirlo quase sem "oxigénio", a Vecchia Signora encontrou, a espaços, caminhos para o golo, que esbarraram na coesa muralha encarnada, sempre protegida com unhas e dentes pelo trinco Rúben Amorim, apenas colocada verdadeiramente à prova nos derradeiros dez minutos do primeiro tempo.