Mão nos milhões e faixas adiadas. Sem escorregar, mas um pouco a dormir, o Sporting está quase, quase na fase de grupos da Liga dos Campeões, obrigando o rival Benfica a guardar no armário os foguetes para a festa de campeão
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Um Sporting de duas caras derrubou o Gil Vicente e tornou mais possível um sonho seu, mantendo ainda inatingível, no imediato, o do vizinho e arquirrival. Com a vitória de ontem, e dependendo apenas de si mesmos, os verdes e brancos quedam-se a dois escassos pontos de confirmar a presença na fase de grupos da Liga dos Campeões - quem o diria há nove meses? - e, com a recolha de todos os pontos em disputa, impediram que o Benfica pudesse fazer já hoje a festa do título. Pelo menos durante uma semana, os leões não precisam de tapar os ouvidos e seguem seguros e de orgulho intacto nesta ponta final da Liga. Nota não menos importante: a turma de Jardim está a um jogo de terminar 2013/14 sem deixar ninguém sair de sua casa a cantar vitória.
Foi letal a entrada dos leões em campo. Ao primeiro minuto, o entendimento entre Cédric e Carrillo só acabou com a cabeça de Slimani a enviar a bola para o fundo das redes. A sensação de goleada no horizonte propagava-se e o Sporting justificava-o com a intensidade ofensiva empregue. O corredor direito estava endiabrado, com Carrillo a abrir a caixa de ferramentas, construindo desequilíbrios vários; o envolvimento dos leões era tremendo do meio-campo para a frente e o Gil Vicente simplesmente não ligava jogo, deambulando atónito pelo relvado. A formação de Leonardo Jardim confundia a marcação com rápidas combinações e, a três/quatro toques, desenhava lances para golo, saindo de qualquer zona do campo. A cada (escassa) bola recuperada, os minhotos ora lançavam direto para Hugo Vieira, sem que a última linha verde e branca cedesse, ou, em alternativa, esperavam que Leandro Pimenta criasse algo. Sob intensa pressão dos visitados a toda a largura do campo, os galos só de fora da área (Vítor Vinha, aos 19') levantaram a crista. O jogo era todo do Sporting e a primeira parte lá acabou, muitos golos desperdiçados pelos leões depois.
A segunda metade foi notícia, por comparação com a inicial. A ganharem pelo mais mentiroso de todos os resultados, os lisboetas entraram adormecidos em campo, como se a ténue vantagem o permitisse. Indolentes, chutaram a intensidade para fora de campo; perderam qualidade na posse e na circulação do esférico; e permitiram que a formação de Barcelos nivelasse a partida, sensivelmente até aos 60'. Atento e insatisfeito, Jardim optou por mandar André Martins para o campo, retirando um desinspirado Mané. O Sporting subiu uns furos e conseguiu novamente retirar espaço ao adversário, mas a partida não mais tornou à qualidade antes vista. Nada que incomodasse a plateia de Alvalade, sempre ao lado da equipa, que, contudo, tardava em ampliar o resultado e estabilizar os ritmos cardíacos. A pensar num golpe de asa, João de Deus lançou Mosquera e Brito para manter a defensiva da casa em sentido. O leão sentiria calafrios - mesmo que ténues - até final. Já com Montero em campo e Slimani no banco, os leões voltaram a afiar o dente. Nos descontos, foi após jogada do colombiano e nova assistência de Carrillo que os gilistas capitularam por fim, com Heldon, fresquinho na partida, a estrear-se na lista de marcadores verdes e brancos.
Assim acabou a conversa em Alvalade. Sporting mais perto da fase de grupos da Champions e de ficar à frente do FC Porto no campeonato pela primeira vez em 12 anos. O Benfica terá de se deitar sonhando com um título... para depois.