Estabilidade. Eis a chave do sucesso recente do Braga. Nos antípodas de Paulo Fonseca, o técnico Jesualdo Ferreira não mexe na equipa há quatro jogos consecutivos. "Ganham-se princípios de jogo e dinâmicas", explica Jorge Costa.
Corpo do artigo
Aproxima-se um curioso choque de paradigmas, totalmente opostos, no Estádio do Dragão. De um lado surgirá um FC Porto mais multifacetado do que um camaleão a mudar de cores; do outro, um Braga cada vez mais padronizado. No seguimento de dois empates (Áustria Viena e Nacional) e uma derrota (Académica), os portistas estão a braços com uma inesperada crise; mas o Braga também já sentiu na pele a contestação dos adeptos, até pôr uma pedra numa terrível série de cinco derrotas para o campeonato. Então, o que mudou? Entre os portistas manteve-se a tal tendência para mudar em função dos adversários e competições; já a equipa de Jesualdo Ferreira estabilizou a partir do jogo com o Rio Ave (nona jornada, a 3 de novembro) num onze-base, que se repete integralmente há quatro jogos consecutivos, entrando aqui as recentes vitórias sobre o Olhanense, para a Taça e campeonato. "É fundamental trabalhar o máximo possível com a mesma equipa e Jesualdo Ferreira entenderá que esse onze é o que lhe oferece melhores condições", avalia Jorge Costa, o técnico do Anorthosis (Chipre), embora lembrando que este privilégio está mais ao alcance dos minhotos por estarem envolvidos "numa só competição, neste momento".
Os frutos da estabilidade transformam-se então em importantes trunfos. "Ganham-se princípios de jogo e dinâmicas", explica Jorge Costa, certo de que até Paulo Fonseca tem em mente um "onze ideal" para o FC Porto. "Só que as alterações são inevitáveis quando uma equipa está envolvida na Liga dos Campeões e no campeonato. Não é uma situação extraordinária mudar dois jogadores por jogo, alguns por castigo, outros por opção técnica; direi mesmo que é perfeitamente normal", sustenta.
À luz dos últimos resultados, o FC Porto parece ser vítima da sua capacidade para se reinventar. Por mais pontuais que tenham sido as alterações, foram suficientes para mexer com o equilíbrio da equipa e, nessa medida, o treinador do Anorthosis reconhece que Jesualdo Ferreira optou pelo melhor método para alcançar, progressivamente, o êxito. "Numa equipa, todos os jogadores são importantes - nem uma equipa se pode cingir unicamente a 11 jogadores -, mas qualquer treinador deve procurar, de preferência, apostar no onze ideal. Convém perceber, porém, que o onze ideal de hoje pode não ser o onze ideal de há uma semana ou o da semana que vem", argumenta.
Passando outra vez do Braga para o FC Porto, Jorge Costa invoca uma importante atenuante para Paulo Fonseca. "O FC Porto tem 20 e tal jogadores de qualidade acima da média, pelo que não faz sentido perguntar porque não joga este ou aquele. Todos devem dar garantias ao treinador", assinala.