De partida para Inglaterra, Fernando passa em revista a última época, a mais difícil que passou em Portugal. Espera que Lopetegui possa devolver o clube aos triunfos e aposta em Herrera e Quintero como jogadores-chave na próxima época. Sai um jogador, mas fica um adepto que promete torcer de longe pela equipa
Corpo do artigo
Fernando rescindiu contrato com o FC Porto na sexta-feira ao final da tarde. Terminava assim, oficialmente, uma ligação de sete anos ao clube que lhe abriu as portas do futebol inglês. Por gratidão e reconhecimento, o Polvo aceitou renovar em fevereiro, depois de ter visto gorada a transferência para o Manchester City dias antes. O destino, porém, só foi adiado por uns meses e hoje mesmo o trinco viaja para Inglaterra a fim de realizar exames médicos e assinar por quatro temporadas com os citizens, que lhe reservaram a camisola com o número 6. Já com as malas feitas, Fernando recebeu O JOGO para a entrevista de despedida que se impunha, tendo desde já prometido voltar em maio para, espera, festejar a conquista do título. O Polvo sabe que não será fácil aos portistas encontrarem um substituto à altura, mas acredita que a médio prazo Mikel vai surpreender muita gente. E o não da FIFA à sua chamada à Seleção Nacional também não foi esquecido.
Em janeiro, esteve com um pé e meio no Manchester City, mas acabou por ficar e renovar contrato quando poderia esperar uns meses e sair a custo zero. Quer explicar?
Realmente, houve essa oportunidade de sair em janeiro, mas acabou por não se concretizar. Depois, encontrámos uma boa solução, não só para mim como para o clube. Queria que o clube ficasse bem, fosse recompensado, porque foi quem me abriu as portas da Europa. Fizemos a renovação e surgiu de novo a oportunidade de sair. Agora é que é o momento certo.
Considera os 15 milhões de euros um valor justo?
[risos] Fogo, então não? Acho que sim. Pelos anos que fiquei no FC Porto, pela idade que tenho, por tudo...
Já sabe dizer polvo em inglês?
Não, tenho de aprender. Como é mesmo?
Octopus...
Ui, não é fácil. E também tenho de aprender a conduzir do lado contrário. Mas eu aprendo rápido.
Está preparado para um futebol diferente?
Claro. Nestes seis anos aprendi muito, com vários treinadores e filosofias diferentes. Agora terei mais um grande treinador [Manuel Pellegrini] e estou preparado.
Vai levar o Mangala consigo?
Não sei. Fala-se muito nos jornais... Se acontecer será muito bem-vindo porque tem grandes qualidades. Posso falhar à vontade que com ele nas costas não há problema.
Como disse, sai ao fim de seis épocas no FC Porto, sem contar o ano emprestado ao Estrela da Amadora, e com 13 títulos na bagagem. Qual deles destaca?
Acho que vou pagar excesso de peso [risos]. Todos foram importantes e difíceis. Não consigo dizer qual foi o melhor. Todos vão ficar marcados na minha história, cada um à sua maneira. E só espero que não fique por aqui e possa conquistar muitos mais, agora em Inglaterra.
Era dos mais antigos no plantel, agora que parte consegue explicar o que é a mística do FC Porto?
Foram sete anos... Nem tinha pensado que era dos mais velhos. A mística do clube é contratar grandes jogadores novos e lapidá-los para depois fazer um bom encaixe financeiro. Outra coisa que marca é a forma como passam para os jogadores, até através dos próprios adeptos, a insatisfação constante por mais títulos, mesmo que se ganhem muitos. Querem sempre mais.
O Fernando merece um lugar no Museu do FC Porto?
Não sei... O trabalho eu fiz, mas não me cabe a mim dizer se mereço. Posso dizer que estou feliz pelo legado que deixo.
Já pensou como será um eventual cruzamento com o FC Porto na Champions?
Vou correr da mesma forma como corria pelo FC Porto. Mas isso ainda está distante, agora quero é iniciar este novo ciclo. Só penso no City.
O Lucho saiu e depois voltou, pode acontecer o mesmo com o Fernando?
É como disse, até lá ainda falta muito, Se um dia tiver que acontecer será naturalmente. Por enquanto o meu objetivo é fazer o meu legado no City como fiz aqui.
Antes disso, em maio espera voltar para comemorar o título?
Se ganhar... Vou estar a torcer pelo clube e pelos meus colegas para que voltem a conquistar o título.