De Jorge Jesus a agente - Técnico é hoje constituído arguido, mas o advogado garante que ele apenas procurou serenar a situação e vai apresentar um vídeo onde surge a pedir calma antes de toda a confusão
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O relatório da PSP sobre os incidentes que envolveram Jorge Jesus em Guimarães fala em "agressão a agente de autoridade, coação e resistência sobre funcionário", soube o O JOGO junto de fonte policial. Caso haja uma condenação por algum destes crimes, o técnico enfrenta uma moldura penal que vai até aos cinco anos de prisão, ao abrigo do artigo 347º do Código Penal.
Esta versão dos acontecimentos apresentada pela PSP será agora enviada para o Ministério Público, que decidirá se avança com a acusação contra o treinador do Benfica. Ao mesmo tempo, se o Conselho de Disciplina da FPF concordar com o que está escrito no relatório da polícia, então Jorge Jesus será punido ao abrigo do artigo 131º do Regulamento Disciplinar da Liga, que prevê uma suspensão entre os três meses e os três anos. Este processo é em tudo semelhante ao célebre caso do túnel da Luz, quando Hulk e Sapunaru foram punidos por agressão a "stewards". A única diferença, e foi isso que acabou por levar à redução do castigo dos dois jogadores do FC Porto pelo Conselho de Justiça, é que os "stewards" não são considerados agentes desportivos, ao contrário dos elementos da polícia.
O treinador será hoje constituído arguido, depois de, ontem, agentes das forças de autoridade não o terem encontrado no Caixa Futebol Campus para lhe entregar o auto de notícia, visto que o plantel estava de folga. Hoje, Jesus ficará então a saber também que está sujeito a termo de identidade e residência, a medida de coação mais leve. Em sua defesa, o treinador alega que nunca teve intenção de acicatar os ânimos e apenas interveio com mais assertividade perante o que na altura considerou "algum excesso de zelo" dos agentes da autoridade com um adepto que entretanto tinha invadido o relvado, conforme explica o seu advogado, Luís Miguel Henrique.
A suportar esta tese, Jesus apresentará também como base um vídeo amador gravado de um ângulo diferente do apresentado pela televisão. Nessas imagens, filmadas por um adepto na bancada e disponibilizadas nas redes sociais, é possível ver todo o enquadramento da situação, mas com Jesus a surgir de frente para a câmara. Nele, pode ver-se o técnico a abordar a situação calmamente e, a dada altura, até a erguer os braços solicitando calma a todos os intervenientes. Depois de ver um dos adeptos a ser imobilizado, dirigiu-se então ao local, espoletando as posteriores altercações com os "spotters" da PSP.
Segundo Luís Miguel Henrique, foi depois da falha de segurança que permitiu o acesso de adeptos ao relvado que "pareceu ter existido algum excesso de zelo por parte de alguns agentes". "O facto é que Jesus apenas se deslocou ao local para tentar acalmar e ajudar a serenar uma situação pela qual se sentiu moralmente responsável, pois foi ele que pediu à equipa para se dirigir à bancada e agradecer o apoio dos adeptos", diz. O treinador encarnado "apercebeu-se das queixas em alta voz do adepto", que lhe pareceu estar a ser "maltratado sem necessidade", e só por isso teve a conhecida "reação intempestiva", só com o intuito de que o mesmo regressasse "calma e tranquilamente ao seu lugar", pois a ideia era que aquele fosse um momento de "festa".
Ainda segundo Luís Miguel Henrique, imediatamente antes de se exaltar Jesus diz ter-se "sentido agarrado, ficando numa situação bastante desconfortável". O advogado acrescenta, de resto, que tanto Jorge Jesus como responsáveis do Benfica "falaram com o comando da PSP e com o agente em questão já depois do ocorrido", tendo "esclarecido a situação de forma tranquila".