O FC Porto conseguiu a melhor exibição da temporada frente ao melhor Sporting dos últimos anos e cavou para cinco pontos a vantagem na liderança do campeonato
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Era inevitável que mais cedo ou mais tarde o Sporting tivesse de acordar e acabasse por esbarrar de frente contra a dura realidade. Bem vistas as coisas, até aconteceu mais tarde do que muitos esperavam, embora mais cedo do que Bruno de Carvalho desejava. Os leões tiveram mesmo a receção hostil no Dragão que o presidente leonino andou a reclamar aos sete ventos durante quase um mês, mas acabaram por acusar a mesma falta de maturidade para lidar com as emoções de um clássico que já tinham ficado evidentes frente ao Benfica. De resto, o jogo de ontem apenas serviu para confirmar que, tal como Leonardo Jardim tem insistido a ver se o ouvem especialmente em Alvalade, o Sporting não é candidato ao título, o que não significa que não tenha uma palavra importante a dizer na sua discussão. E já que o tema são as conclusões a retirar do jogo, é forçoso dar razão à teoria da evolução da espécie que Paulo Fonseca tem defendido para a sua equipa. O FC Porto fez o melhor jogo da temporada, impôs a sua vontade ao clássico desde o primeiro minuto, chegou à vantagem com naturalidade, reagiu ao empate do Sporting à bomba e colocou um ponto final na discussão com classe, garantindo uma vantagem de cinco pontos na frente do campeonato à passagem da oitava jornada. Não será decisivo, mas não deixa de ser impressionante.
As boas notícias para o FC Porto não se limitam à vitória clara sobre o melhor Sporting dos últimos anos, nem ao cavar da vantagem na liderança do campeonato. Paulo Fonseca aproveitou o clássico para recuperar Herrera para a equipa depois do desastre frente ao Zenit e o mexicano correspondeu ao voto de confiança. Foi dele o passe para Alex Sandro que rasgou a defesa leonina, forçando Maurício a cometer a grande penalidade que Josué transformou no primeiro golo da noite, mas também foi ele que ajudou Fernando a garantir a superioridade do meio-campo portista durante a maior parte do jogo. De resto, tão importante como recuperar Herrera para a equipa, foi recuperar a confiança da equipa em si mesma. O golo de William Carvalho, um gigante a que Paulo Bento tem mesmo de dar mais atenção, ameaçou ressuscitar fantasmas de noites recentes no Dragão, mas a reação bombástica de Danilo deixou o FC Porto definitivamente por cima de um jogo que, por essa altura, ameaçava quebrar para qualquer lado. O Sporting tinha entrado para a segunda parte com vontade de assumir uma iniciativa que nunca teve durante o primeiro tempo. Preocupados em não desposicionar a defesa, os leões passaram a primeira metade do jogo à procura de Montero com lançamentos em profundidade muito mais à medida dos centrais do FC Porto do que do avançado colombiano. Depois do intervalo, sim, o Sporting apareceu mais igual a si próprio, estendendo o jogo pelos corredores. Foi assim, mesmo que por linhas tortas, que chegou ao golo e era assim que ameaçava equilibrar o jogo se Danilo não lhe tivesse esvaziado o balão. Jardim ainda tentou reagir, acrescentando a experiência de Vítor à equipa, mas Fonseca já se tinha antecipado, atirando Defour para a fervura e esticando o corredor direito com Licá, impedindo o Sporting de crescer por aquele lado. O terceiro golo acabou por surgir com a naturalidade: o Sporting esboçava uma reação, mas descobria a retaguarda abrindo o espaço para Lucho colocar um ponto final na discussão de ontem. A do título é outra conversa