Colocando o campeonato como prioridade do clube, Nuno sente a equipa preparada para discutir os troféus nas outras competições
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O treinador do Rio Ave encara com otimismo as meias-finais que o clube vai disputar, ambas contra o Braga. Ciente do trabalho que tem feito, não atribui favoritismo aos arsenalistas e fala das legítimas ambições de chegar às finais da Taça de Portugal e da Liga.
O Rio Ave está nas meias-finais da Taça de Portugal e da Taça da Liga e atravessa uma fase de grande fulgor. Como está a viver este sucesso?
Com uma elevada motivação, acima de tudo. O facto de estarmos nestas frentes todas exige de nós uma grande dedicação e motivação. Depois requer da equipa técnica um trabalho exaustivo de gestão devido aos ciclos que temos pela frente e à proximidade dos jogos, exigindo também, mais do que treinar, recuperar bem os jogadores e gerir os menos utilizados. Mas é importante salientar todo o trabalho anterior, porque não é só estarmos nestas fases. Este grupo foi trabalhado para enfrentar todos os desafios de uma maneira legitimamente ambiciosa.
A maior dificuldade será gerir estes ciclos duros de jogos, a ansiedade dos jogadores ou alguma euforia?
A nossa prioridade continua a ser o campeonato e temos, frente ao Arouca, um jogo importante. A partir do momento em que dividimos prioridades, sabemos que, para manter a motivação, o campeonato tem de estar sempre à frente. Não pomos de lado qualquer prova e encarámo-las desde o início com a maior seriedade. O maior desafio é ter todos os jogadores disponíveis, para além dos que são normalmente utilizados.
Qual a importância de uma final para o Rio Ave, sabendo que apenas uma vez o conseguiu?
Essa questão tem sido abordada, mas, com todo o respeito que ela nos merece, não vamos estar continuamente a falar disso. Vamos é tentar que os nossos jogos se tornem história. O ano passado fizemos um bom trabalho, com um sexto lugar no campeonato, chegamos às meias-finais da Taça da Liga e conseguimos vitórias nunca antes alcançadas. Os jogos é que fazem história, e o nosso foco passa por transmitir aos jogadores que têm qualidade para ficar na história do clube. Não nos queremos colar ao passado, mas sim procurar fazer história. Criar novos desafios é fundamental para qualquer pessoa.
O Braga, experiente nestas andanças, será o adversário nas duas meias-finais. Qual é o favorito e qual é a responsabilidade do Rio Ave?
A responsabilidade do Rio Ave é toda. Quem quer estar presente tem de ter a ambição de discutir o jogo e a passagem à final, portanto a responsabilidade é nossa também. Contrariamente ao que possam especular, não entramos nos "mind games" de querer passar a responsabilidade e o favoritismo para o adversário, de forma a limitá-lo e para que possamos crescer. A abordagem ao jogo será sempre de reconhecer as dificuldades, mas sabendo que, com as nossas armas, é possível sairmos vitoriosos. O Braga poderá ser favorito nas duas competições se nos reportarmos ao passado, mas, como queremos escrever a nossa própria história, vamos para os jogos com a ambição de os discutir.
A Taça de Portugal é a duas mãos, a da Liga decide-se apenas num jogo. Qual é meia-final mais difícil?
São ambas difíceis. Vamos jogar em casa na Taça da Liga contra o detentor do título e só isso já diz bem da dificuldade. A duas mãos, sendo a primeira em Braga, esse resultado pode ser fundamental. As Taças estão preparadas e pensadas, mas primeiro está o campeonato.
Na época passada levou o Rio Ave às meias-finais da Taça da Liga. É um especialista em provas a eliminar?
O nosso grande sucesso da época passada foi o sexto lugar com 42 pontos e, para além disso, por exemplo, ver que a equipa que defrontou a Académica nos quartos de final era composta, na sua maioria, por jogadores que estavam cá no ano passado. A continuidade também é sucesso; pode não ser o mais visível, mas é o sucesso mais sustentado que temos. O trabalho de uma equipa técnica e de um clube vai muito além do jogo, a construção de um plantel é o nosso maior sucesso, reparando nas idades dos jogadores, nos anos de contrato e no quanto eles cresceram no número de minutos em relação ao ano passado. O nosso sucesso está no futuro, mas claro que é importante estarmos em duas meias-finais e termos conseguido um sexto lugar no passado.
Os resultados nas duas primeiras épocas como treinador estão acima das suas expetativas?
Não quero ser falso modesto. Quando entrou para este projeto, esta equipa técnica considerou que tinha conhecimentos e experiência para fazer as coisas bem. Somos competentes e trabalhamos muito no estudo do jogo e na evolução do jogador. Se superou as minhas expetativas? Não direi que sim nem que não. Estamos a fazer um bom trabalho e os jogadores crescem diariamente - esse é o resultado do nosso trabalho.