Presidente do Sporting não poupa as gestões anteriores, ironizando com o estatuto que traziam do meio empresarial: no passado todos eram "grandes gestores" e ele "um empresário da trampa".
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O presidente do Sporting, Bruno de Carvalho, marcou ontem presença nas palestras do Executive Day da Universidade Europeia para falar sobre "O estado do dirigismo desportivo em Portugal" (com moderação do ex-dirigente do Setúbal e autor da biografia oficial de José Mourinho, Luís Lourenço), aproveitando para apelar ao surgimento de uma nova geração de dirigentes, sem os vícios existentes no atual futebol luso. Bruno de Carvalho considera que os clubes não podem ser encarados como uma "pré-reforma" pelos seus dirigentes e exemplificou com a realidade que conhece, a que encontrou no Sporting: "Detetei que 90% dos problemas do Sporting eram por falta de trabalho, de investigação sobre os assuntos em questão... É preciso uma nova geração de dirigentes; alguém que trabalhe parece um génio."
Aprofundando as críticas, Bruno de Carvalho fez um paralelismo entre a imagem pública que dele se gerou como gestor, por altura das duas campanhas eleitorais nas quais participou, e a dos seus antecessores na cadeira do poder em Alvalade. "Qual a diferença para os anteriores presidentes do Sporting? A diferença, como diziam, é que eu era um empresário da trampa. A presidência de um clube não deve ser encarada como uma pré-reforma. Há os que vieram com rótulos e há quem arregace as mangas e trabalhe. Os outros eram muito bons empresários e eu era muito mau! Mas se era mau gestor, então serei um excelente presidente, não?", perspetivou, em jeito de brincadeira.
A respeito do estado do futebol português, reiterou que "não está saudável" e pediu à classe política para ser mais interventiva: "Nunca tinha visto um meio tão ao abandono. Somos fiéis aos nossos princípios, somos verdadeiros connosco. Mas não é esse o 'statu quo' no futebol português. Os clubes são o parente pobre da indústria. Estou cá há três meses e já vi que a possibilidade de fazer fortuna é diária. Parece que se gere em Portugal como os coronéis nas telenovelas brasileiras. As regras têm de ser iguais para todos. Os governos têm de deixar de ter medo de intervir no futebol."
A arbitragem também esteve debaixo de fogo. Bruno de Carvalho defende a "profissionalização e legislação", com introdução de novas tecnologias. "Pela verdade desportiva, a tecnologia era melhor para todos", recordou, afirmando estar preparado para o que possa suceder de estranho no arranque da época: "Há os clubes que à oitava jornada já são campeões e outros que já estão afastados! As oito primeiras jornadas do campeonato têm muita história. Também há maroscas nesta fase, não é só no final do campeonato. Há a escolha dos dias dos jogos..."