Reviravolta leonina. Um autogolo de Maurício pôs o Rio Ave na frente, antes de o treinador do Sporting ter recorrido ao 4x4x2 com o goleador Slimani. Nuno tardou a reagir e perdeu pela primeira vez com este adversário, que é agora segundo
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A história de um jogo que - como diz o chavão - teve duas partes completamente distintas, começou, na verdade, cerca de hora e meia antes do apito inicial. Logo após a chegada do autocarro do Sporting ao Estádio do Rio Ave, Leonardo Jardim, sozinho, fez questão de verificar o estado do relvado que tão má conta de si dera na meia-final da Taça da Liga entre os vila-condenses e o Braga. Dessa "vistoria" do técnico madeirense terá saído a decisão para o onze inicial dos leões, numa altura em que se especulava se manteria a fidelidade ao tradicional 4x3x3 com Montero sozinho no centro do ataque, ou se a aposta recairia no 4x4x2 mais "musculado" e adaptado a um futebol de combate como se previa iria ser este embate. O início do jogo confirmou o conservadorismo de Jardim; o seu desenrolar que, afinal, o plano B é que era o mais adequado.
O Sporting ganhou os três pontos em Vila do Conde, derrotando o treinador Nuno Espírito Santo ao quinto confronto, assumiu à condição o segundo lugar da classificação, a dois pontos do Benfica e com mais outros tantos do que o FC Porto, mas saiu de Vila do Conde com um balão de oxigénio que pode ser importante para o último terço do campeonato. A forma como a vitória foi conquistada, e muito valorizada pela exibição do Rio Ave, confere um grande capital de confiança a treinador e, sobretudo aos jogadores. Confiança essa que pareceu faltar-lhes durante toda a primeira parte. Com as duas equipas encaixadas nos seus sistemas táticos, o trio do meio-campo dos donos da casa ganhou quase sempre os duelos no primeiro tempo. Tarantini, Filipe Augusto e Diego ganhavam na agressividade e na rapidez sobre a bola a William, Adrien e André Martins.
Com um meio-campo manietado e sem conseguir alimentar o ataque, a dimensão da desinspiração sportinguista tinha eco na estatística: nos primeiros 30 minutos já tinha apontado cinco cantos sem que qualquer deles se tivesse traduzido numa real ocasião de golo. O Rio Ave, por seu lado, podia (e justificava-o) ter chegado ao golo neste primeiro tempo e, ironia das ironias, teve a derradeira chance neste período pelos pés do artista Diego, num contra-ataque após... o sexto canto favorável aos leões!
O intervalo foi bom conselheiro para Leonardo Jardim que mudou de opinião quanto ao onze em que apostara. Não tanto pelo estado deteriorado do "tapete", mas sobretudo pelo bom posicionamento em campo e atitude dos homens do Rio Ave. Em dez minutos, lançou dois dos três trunfos que "viraram a mesa", mas pelo meio a equipa da casa adiantou-se no marcador, numa jogada em que Jefferson errou e a tentativa de cruzamento de Diego fez do "bombeiro" Maurício um incendiário acidental.
O 1-0, ainda que num autogolo do central do Sporting, premiava a melhor equipa em campo, mas talvez numa altura em que já não o fosse. Os remates de meia distância de Heldon e Montero foram o primeiro aviso para o que se seguiria. Estendida já em 4x4x2, a equipa de Alvalade chegou ao empate num lance em que Jefferson garantiu, por um lado, a redenção do erro no golo sofrido e, por outro, o acerto na entrada de Slimani, que fez o seu quarto golo na I Liga e deu nova vida aos leões.
No banco estava a derradeira cartada de Jardim, Carrilo, que inclinou definitivamente a equipa para a frente e contou com a passividade de Nuno, que se entregou à crença no esforço dos seus jogadores e demorou a refrescar uma equipa que começava a claudicar fisicamente. O golo que virou o resultado a favor do Sporting é bem o espelho disto, com o Rio Ave incapaz de tirar da sua zona defensiva uma bola que a insistência de Carrillo transformou numa assistência fatal para o bonito e eficaz remate à meia volta de Carlos Mané. Golo e vitória do Sporting e festa muito especial no banco, onde Jardim foi a tempo de emendar uma escolha feita quase três horas antes.