Os jogadores reconhecem-lhe vários méritos, mas destacam-lhe a capacidade para gerir um plantel e a forma como consegue encontrar desafios para motivar os jogadores a superarem-se...
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Ele é um treinador muito à frente. Sinceramente, comparo-o ao Mourinho de há dez anos, quando apareceu no FC Porto. Também ele estava, nessa altura, muito à frente de todos os outros treinadores em Portugal. O Paulo [Fonseca] é igual." O elogio de Tony, lateral do Paços de Ferreira, pode parecer exagerado, mas multiplicou-se, com maior ou menor ênfase, por todos aqueles que dele falaram durante o dia de ontem. Por isso, a questão essencial nem está no elogio, mas antes no que levou até ele para além da parte mais óbvia da questão, o inédito terceiro lugar do Paços de Ferreira. Tony, mas também Vítor e Filipe Anunciação, para além de Quinaz, que passou quatro anos com Paulo Fonseca (Odivelas, Pinhalnovense e Aves), aceitaram o convite de O JOGO para revelar quem é e como trabalha Paulo Fonseca. Todos, sem exceção, falaram de um treinador próximo e cúmplice dos jogadores, mas capaz também de se afirmar como um líder em qualquer momento. "Embora já tenha deixado de ser jogador há uns anos, mantém esse espírito. Sabe como pensam os jogadores e trabalha em cima disso. Ele lidera, as regras são dele, mas apesar disso é muito próximo de todos", contou Filipe Anunciação.
Mas, afinal, onde está o segredo de Paulo Fonseca? "Na forma como motiva os jogadores. Sem dúvida", respondeu Quinaz. "Ele é bom em todos os aspectos, mas é muito bom a mexer na cabeça dos jogadores. Está sempre a criar novas metas ao longo da época. Procura objetivos curtos no tempo, para manter o plantel sempre motivado. Ele quer que os jogadores se superem constantemente, está sempre a puxar por nós, a ver até onde conseguimos ir e a verdade é que tem sucesso em todo o lado que passa", recorda. No Paços de Ferreira, por exemplo, e para além de ter a superstição de não mudar algumas peças de roupa a seguir às vitórias - sapatos incluídos... -, tratou de criar objetivos claros como forma de motivar os jogadores. "Tínhamos a história dos pontos que pretendíamos atingir afixada no balneário, mas houve outras formas de motivação. Às vezes, num determinado jogo, exigia-nos que não sofrêssemos golos, outras vezes tínhamos de tentar ganhar com um golo marcado numa bola parada, ou ter duas vitórias seguidas... Ele estava sempre a colocar-nos desafios novos", contou Tony. E o que recebiam em troca em caso de sucesso? Os jogadores podiam "ganhar um dia de folga extra" ou um "jantar oferecido" pelo próprio treinador, que até chegou a encomendar frangos para todos na Mata Real. "É difícil destacar um fator que se evidencie mais nele. É muito bom em tudo, mas a relação com o grupo é fenomenal. O que transmite também. A barreira com os jogadores é nula, mas apesar disso sabe impor o respeito de uma forma natural", explicou Vítor.
