Depois dos festejos pela vitória sobre o Benfica, o presidente do FC Porto volta a alertar para a necessidade de haver concentração máxima para a partida em Paços de Ferreira...
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Depois de "um dia de grandes emoções", Pinto da Costa passou a tarde de ontem a assistir ao empate (1-1) entre a equipa B dos dragões e o Braga B, num jogo da II Liga. O presidente do FC Porto voltou a conversar com os jornalistas e, por entre elogios a Jorge Jesus e algumas farpas ao Benfica, alertou para o facto de o campeonato ainda não estar ganho e para a necessidade de o plantel se concentrar para uma deslocação "muito difícil" ao terreno do Paços de Ferreira.
Como foi acordar no dia seguinte à vitória sobre o Benfica?
Esta semana é para trabalhar, para preparar o jogo com o Paços de Ferreira e para mentalizar toda a gente que tem de estar com os pés bem assentes no chão, porque ainda falta uma partida muito difícil. Não nos vamos considerar campeões, como o Benfica se considerou depois de ter ganho ao Marítimo. Temos é de trabalhar e não entrar em euforias. Ontem [sábado] festejou-se apenas uma vitória, que teve o sabor especial por ter sido já nos descontos, mas nada mais do que isso.
E o que achou dos festejos dos adeptos na Avenida dos Aliados?
Foram apenas festejar a vitória contra o Benfica, porque, se na primeira jornada o FC Porto tivesse ganho como ganhou desta vez nos descontos, de certeza que as pessoas iriam festejar como eu festejei esta vitória.
Já viu a reação que Jorge Jesus teve no momento que se seguiu ao golo de Kelvin?
Vi hoje [ontem] na televisão, no estádio nem tinha reparado. Mas é um sinal de que o treinador do Benfica vive intensamente a sua profissão e o lugar que ocupa. Nada mais do que isso. Tanto a manifestação de alegria do nosso treinador como a de desalento do treinador do Benfica só prova que ambos vivem a sua profissão com grande paixão e profissionalismo.
Mas não o surpreendeu?
As sensações de quem ganha e de quem perde são sempre iguais em qualquer parte. Se o Benfica tivesse vencido, poderia ser ao contrário. Os treinadores são pessoas normais, têm sentimentos normais como qualquer um de nós. Vítor Pereira e Jorge Jesus são dois grandes profissionais que vivem intensamente tudo o que se passa.
Dá mais gozo vencer depois de muita gente ter considerado que o título estava praticamente entregue ao Benfica?
Não. Gosto é que vençam, porque assim proporcionam grandes alegrias aos adeptos num momento tão difícil. Há muita gente que foi para a rua festejar que, se calhar, estaria em casa a chorar... Poder contribuir para minorar as dificuldades dos nossos adeptos, que passam por tantas dificuldades, tal como a generalidade dos portugueses, é que me dá um grande gozo. Estar à frente ou atrás só é importante no final do campeonato. Vejo que toda a gente reconheceu o mérito da vitória do FC Porto e isso também me dá uma grande satisfação.
Que avaliação faz do trabalho do Pedro Proença?
Não havia possibilidades de o criticar. Só se alguém estivesse com uma grande má vontade.
Como foi viver a emoção de uma partida do título?
Não era a partida do título, está enganado. A partida do título será domingo, em Paços de Ferreira. Esta era uma partida do título para o Benfica, porque para o FC Porto não era nem nunca foi encarada como tal. Foi um dia de grandes emoções, porque também tive a oportunidade de viver intensamente o jogo entre o FC Porto e o Réus, que nos qualificou para a fase final da Liga Europeia em hóquei em patins. Foi um jogo emocionante, foi um dia de emoções.
Acha que o FC Porto foi a única equipa que quis ganhar o clássico?
Não é preciso ser um expert na matéria para ver isso. Aos cinco minutos, o Artur já estava a demorar na reposição de bola e qualquer lançamento de linha lateral durava mais do que o costume. Só quiseram defender, e é natural, o empate chegava-lhes. Tenho de admitir que é o reconhecimento do respeito pelo FC Porto e só quem não conhecer o futebol é que não respeitaria a nossa equipa a jogar daquela forma determinada. Há muita gente a criticar a tática do Jorge Jesus, mas se o jogo tivesse acabado aos 90 minutos, o Jorge Jesus tinha sido um herói, porque tinha tido a coragem de jogar à defesa e conseguido o empate. O futebol é mesmo assim.
O Benfica festejou cedo de mais?
Eles é que sabem o momento de festejar. Já tive a oportunidade de ouvir o presidente da Câmara Municipal de Lisboa [António Costa], de quem sou amigo, a fazer um apelo de civismo aos benfiquistas para as três comemorações que iam ter esta época. Talvez isso tenha levado a pensar que o FC Porto já tinha atirado a toalha ao chão.
