O defesa soma apenas 559' este ano e quem o conhece admite que o intenso desgaste devido a jogos e viagens, rotina no clube e uma concorrência mais competente estão a afetá-lo
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Maxi Pereira habituou os adeptos benfiquistas a um autêntico vaivém pelo flanco direito e a uma grande exuberância física, mas esta época, apesar de manter a preferência de Jorge Jesus, tem sentido dificuldades em demonstrar as suas qualidades, razão pela qual o seu nível exibicional tem também sido inferior em relação a anos anteriores. E a verdade é que face à concorrência cada vez mais forte de André Almeida, o camisola 14 tem sido sujeito a uma maior gestão por parte de Jorge Jesus, somando apenas 559 minutos.
O lateral regista este ano o seu pior arranque de temporada desde que chegou ao Benfica, há oito anos, tendo em conta as épocas em que esteve desde o início à disposição do treinador. Isto porque houve duas temporadas em que não pôde dar o seu contributo a partir do primeiro jogo oficial. Em 2007/08, no ano que trocou o Defensor Sporting pelas águias, Maxi Pereira chegou já depois de o Benfica ter disputado quatro partidas, enquanto em 2009/10, já com Jesus, falhou os primeiros cinco desafios devido a uma lesão sofrida na pré-temporada. No entanto, em ambas as épocas assumiu papel de destaque assim que ficou disponível.
Se em Portugal tem sido irregular, no Uruguai Maxi Pereira tem acusado também algum desgaste, apesar de manter-se indiscutível nas contas de Óscar Tabárez. "Fisicamente sempre foi exuberante, mas no final da última época esteve num período de menor fulgor e o Uruguai sentiu isso. É fundamental e quando está pior fisicamente a equipa baixa de produção", revela a O JOGO Juan Ahuntchaín, treinador que bem conhece o atleta, pois foi ele que o lançou definitivamente no Defensor Sporting.
O agora coordenador da formação do Peñarol continua a acompanhar a carreira de Maxi Pereira e apesar de frisar que "na seleção continua bem", admite que o lateral possa estar a atravessar um período de menor fulgor. "É um jogador que nos últimos anos tem sido submetido a um intenso desgaste, tanto na seleção como no clube, e com tanta competição e viagens é normal que isso pese e o corpo sinta mais dificuldades. Quando os anos começam a passar, vai sendo mais difícil recuperar", analisa, visão reforçada por Richard Marchelli, antigo diretor desportivo do Defensor Sporting: "No Uruguai continua a ser indiscutível, mas é normal que no Benfica possa acusar o desgaste de uma utilização intensa."
Ressalvando que "há sempre inúmeros fatores que pesam na forma de um jogador", Ahuntchaín admite que o facto de Jesus confiar cada vez mais em André Almeida também prejudica o camisola 14. "Ter mais e melhor competição torna mais difícil a vida a qualquer jogador", refere, apontando ainda outra explicação: "Quando os jogadores sul-americanos vão para a Europa vão com fome de títulos e de jogos, mas com muitos anos no mesmo clube é normal que exista alguma acomodação, cansaço psicológico."