Estavam quatro árbitros e três delegados, mas nada do que se passou foi relatado. Relatório policial ganha assim força na justiça desportiva.
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Três delegados e quatro árbitros não foram suficientes para que os incidentes no final do V. Guimarães-Benfica tivessem chegado às instâncias desportivas. A Comissão de Instrução e Inquéritos (CII) da Liga abriu um processo disciplinar aos delegados Paulino Carvalho e Carlos Santos - que estavam acompanhados pelo responsável pelas suas nomeações, Emídio Fidalgo -, e aos elementos da equipa de arbitragem composta por Bruno Esteves, Mário Dionísio, Rui Teixeira e Manuel Oliveira. Segundo O JOGO confirmou, tanto no relatório dos delegados como no dos homens do apito não existe qualquer referência aos incidentes ocorridos após o jogo envolvendo Jorge Jesus, elementos da PSP e adeptos do Benfica. O treinador do Benfica também foi alvo de um processo disciplinar, mas pelo seu comportamento.
A secção profissional do Conselho Disciplina da Federação Portuguesa de Futebol recebeu os relatórios dos delegados e da equipa de arbitragem e, perante a ausência de qualquer referência aos factos que marcaram a reta final da partida em Guimarães, enviou-os para a CII, juntamente com um "link" para as imagens televisivas da confusão que se gerou no relvado após o apito final, quando Luisão se aproximou da bancada onde estavam os adeptos do clube, para oferecer a sua camisola.
Nas imagens difundidas pela Sport TV, vê-se a equipa de arbitragem ao fundo, de costas voltadas para o lado do campo onde ocorreu a invasão dos adeptos e o caos subsequente. Vê-se também Emídio Fidalgo, responsável pela nomeação dos delegados aos jogos, a tentar acalmar os intervenientes, nomeadamente o adjunto Raul José e Jorge Jesus.
De referir também o próprio presidente da Liga, Mário Figueiredo, assistiu a toda a segunda parte do encontro à saída do túnel de acesso aos balneários, ao lado de um dos delegados do jogo. O outro delegado fica na bancada e só desce nos instantes finais. O JOGO entrou em contacto com Bruno Esteves, tentando confirmar se o relatório que assinou é, de facto, omisso, mas o juiz de Setúbal recusou-se a fazer qualquer comentário.
Tanto no caso dos processos disciplinares instaurados pela CII aos delegados e árbitros, como a Jorge Jesus, estes decorrerão de forma independente ao que irá correr na justiça comum, com o treinador como arguido. No entanto, contará para a justiça desportiva o relatório do responsável da PSP de Guimarães pelo policiamento do encontro, que ainda não chegou à Liga. E tendo em conta que nos restantes documentos não há referência ao que se passou, este assumirá especial importância no apuramento dos factos.
Segundo frisou ao nosso jornal João Diogo Manteigas, advogado especialista em desporto, o que sair dos processos disciplinares instaurados pela CII, que serão depois devolvidos ao Conselho de Disciplina da FPF, "não está dependente das eventuais sanções de cariz público". "Mas é natural que consultem o Ministério Público ou esperem pela dedução da acusação para aplicarem a justiça desportiva. Imaginem que há um grande desfasamento entre a decisão judicial e desportiva. A Liga e a FPF eram enxovalhadas", comentou.