Leão Domina mas falha. Pelo nono jogo consecutivo entre as duas equipas, o Sporting não venceu o FC Porto. Mas a verdade é que nunca tinha estado tão perto de o conseguir e só a exibição de Fabiano manteve tudo em branco
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Este Sporting que cresce como um super-herói voltou a marcar passo num jogo grande. Depois do empate em casa com o Benfica e das derrotas na Luz e no Dragão, a equipa de Leonardo Jardim não conseguiu melhor do que um nulo na receção ao FC Porto, em jogo que marcou a estreia dos dois emblemas na Taça da Liga deste ano. Os leões tentaram, voltaram a tentar, e tentaram ainda mais, mas nunca encontraram o caminho certo para a baliza contrária. Por culpa própria algumas vezes, por culpa de Fabiano muitas outras. Os factos podem ser cruéis e esta incapacidade do Sporting em vencer um clássico pode até vir a criar um trauma (foi o nono jogo consecutivo sem vencer diante do FC Porto, com o Benfica a série vai em cinco), mas é justo que se diga que os leões há muito que não estavam tão perto de o conseguir como estiveram ontem.
Quanto ao FC Porto, os sinais de melhoria registados nas últimas semanas estão longe de ser prova de saúde de ferro. Carlos Eduardo tem disfarçado, mas ontem foi anulado e o que se viu foi uma equipa sem grande criatividade e talento no último terço do campo, na zona em que há menos espaço e onde tudo se decide. Ainda assim, os dragões só podem estar felizes com o resultado: apesar de ter sido obtido numa competição quase sempre menosprezada pelo próprio clube, sobreviveram aos apertos causados pelo adversário e estão em ligeira vantagem para chegar às meias-finais, pois vão defrontar Marítimo e Penafiel em casa.
Os treinadores parecem ter combinado as poupanças que apresentaram. Trocaram de guarda-redes e de ponta de lança (se Jackson no banco era uma notícia mais ou menos conhecida, a de Montero acabou por ser uma surpresa maior). De resto, Jardim trocou Maurício por Dier e Paulo Fonseca colocou Herrera no lugar de Lucho, dando a primeira vantagem ao adversário. O mexicano cometeu erros atrás de erros e permitiu a Adrien lançar inúmeras vezes um ataque ao qual, na primeira parte, faltou uma melhor pontaria de Slimani e Wilson Eduardo.
O FC Porto, quase até teve a primeira boa oportunidade de golo, esteve quase sempre encolhido. Com o tal Herrera a seu lado, Fernando tinha de trabalhar por dois, mas pouca colaboração recebia quando tentava passar a bola para a frente. Carlos Eduardo escondia-se muitas vezes, Varela, Licá e Ghilas não passavam de futebolistas esforçados. No Sporting, os homens mais adiantados também se esforçavam, mas não era só. Wilson Eduardo ganhou alguns lances de um para um com Alex Sandro, Slimani procurava constantes tabelas com André Martins e Adrien e também Cédric aparecia muitas vezes em zonas de ataque, até centrais, para criar mais desequilíbrios.
Paulo Fonseca demorou, mas acabou por fazer a substituição que toda a gente antecipava: tirou Herrera e colocou Lucho. O problema foi que a equipa nem conseguiu aquecer com o seu melhor meio-campo, pois Fernando lesionava-se quatro minutos mais tarde e obrigou à entrada de Defour. Confirmando os resultados do megainquérito publicado ontem por O JOGO a 25 personalidades do futebol português, a saída do trinco luso-brasileiro foi um golpe que quase deitou abaixo o FC Porto, até porque Leonardo Jardim começou a dar força ao ataque na mesma altura. A troca de ponta de lança pouco mudou, mas as entradas de Carrillo e Vítor acabaram por abrir brechas que só as mãos de Fabiano foram capazes de tapar.
Foi nesses minutos de frenesim final que o clássico de Taça da Liga se transformou naquilo que normalmente são os clássicos de campeonato ou Taça de Portugal: tenso, com picardias entre os jogadores, muitos protestos e uma expulsão, a de Carlos Eduardo. Faltaram-lhe os golos, mas não as oportunidades para os marcar. Se fosse num clássico "a sério", teria doído mais.