Vieira pressionado a mudar - O presidente do Benfica reuniu-se ontem com os seus parceiros de Direção e de SAD e, em face do triplo fracasso no fecho da época, vê-se forçado a admitir o cancelamento da renovação do técnico. Mas Carraça também pode sair
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O tempo de Jorge Jesus como treinador do Benfica parece estar a chegar ao fim. A derrota com o V. Guimarães na final da Taça de Portugal, fracasso que, nesta ponta final de temporada, se junta à perda do campeonato e da Liga Europa, levou a um ponto de saturação, pelo que o presidente Luís Filipe Vieira, pressionado e encostado à parede pelos seus parceiros de Direção e de administração da SAD nas reuniões de ontem, já pondera seriamente a possibilidade de deixar cair o treinador com quem tinha tudo acordado para a sua continuidade na Luz. Mas a mudança, concretizando-se, deverá ser mais abrangente: António Carraça, diretor-geral, também pode ter os dias contados na Luz.
O desaire na final da Taça colocou em causa a renovação de Jesus, que faltava apenas "passar ao papel", como chegou a revelar Vieira, motivando ontem uma longa reunião da SAD benfiquista, na qual foi discutida a situação do treinador. O encontro liderado por Luís Filipe Vieira contou com a participação dos restantes administradores da sociedade anónima encarnada, casos de Rui Cunha, José Eduardo Moniz, Domingos Soares Oliveira e Rui Costa, com o líder encarnado a sofrer forte pressão por parte destes elementos, cuja argumentação passava pela crueldade dos números, já que o Benfica, apesar de ter estado perto de conquistar três títulos, acabou por deixá-los fugir no momento das decisões.
A reunião da SAD principiou logo pela manhã e prolongou-se durante largas horas. E apesar de, ao que O JOGO apurou, não haver ainda uma decisão definitiva, a tendência aponta mesmo para que Vieira abdique da renovação com Jesus, que se manteve afastado do processo ao longo do dia. Até porque, desta forma, o líder das águias deixa apenas o contrato com o treinador chegar ao fim, no próximo dia 30 de junho, poupando-se ao risco de ser forçado, caso os resultados no início de 2013/14 não agradem, a romper o novo vínculo com Jesus, situação que o obrigaria a pagar uma elevada indemnização.
Mas não é só o futuro do técnico que está em causa, já que os responsáveis encarnados ponderam também proceder a uma reformulação da estrutura do futebol, com o nome de António Carraça, atual diretor-geral do futebol, a estar seriamente em risco. Na ótica de Vieira e seus pares, Carraça não respondeu à altura dos desafios nesta fase final da temporada. Ontem foi mesmo alvo de farpas do vice-presidente Rui Gomes da Silva, que, no programa "Dia Seguinte", da SIC, e em função do caso de Cardozo, estranhou o facto de "não haver alguém que tivesse pensado no que podia acontecer" perante novo desaire. Aliás, já no início da época tinha sido alvo de críticas pela falta de agilidade para responder rapidamente após a agressão de Luisão ao árbitro Christian Fischer, no particular com o Fortuna Dusseldorf, para travar a reação dos jogadores, que chegaram a rir-se do juiz alemão - as suas declarações, criticando o árbitro também não agradaram.
A decisão sobre o dossiê Jesus será anunciada ainda esta semana, até para que a nova época seja já preparada com um novo técnico no comando.
