Reforços para o 4x2x3x1 - Sulejmani, Djuricic e Markovic ajudam a explicar a viragem que o treinador pretende fazer em relação a 2012/13. A "fórmula europeia" aplicada pontualmente no passado, surge agora como Plano A para tornar a equipa mais consistente
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Jorge Jesus prepara-se para mudar o esquema tático do Benfica para a próxima época. O técnico encarnado pretende atacar o título de campeão nacional e lutar pelo sonho de marcar presença na final da Champions, que se realiza no Estádio da Luz, razão pela qual vai implementar o 4x2x3x1 em 2013/14, privilegiando-o em relação ao 4x4x2 utilizado como esquema principal na última época. Para dar maior força a este sistema, o técnico viu Luís Filipe Vieira atacar o mercado em busca de mais soluções, mais criativos, com o líder encarnado a assegurar três nomes, todos eles sérvios, que oferecem garantias a Jorge Jesus: Markovic, Sulejmani e Djuricic. A chegada dos três internacionais sérvios potencia a utilização do 4x2x3x1, até pela sua capacidade de desempenhar as várias funções no apoio ao ponta de lança. Além disso, os encarnados surgem com mais um elemento no meio-campo, ficando menos vulneráveis nessa zona do terreno, um pouco como as principais equipas da Europa - raros são os casos em que apresentam dois pontas de lança no seu esquema tático.
Pedro Henriques, comentador de futebol, considera que "o Benfica sai a ganhar com uma mudança de sistema" sobretudo porque fica com uma equipa mais equilibrada. "Penso que esse sistema permite ao Benfica ficar mais forte. Sobretudo porque o meio-campo não fica tão desprotegido", destaca a O JOGO, explicando: "Matic e Enzo Pérez eram sujeitos a um enorme desgaste porque tinham de fazer tudo no meio-campo e não tinham o devido apoio, pois nem todos os alas fecham por dentro."
Com Cardozo, apesar da intransigência de Vieira, à beira da saída, fruto do interesse do Fenerbahçe, Pedro Henriques considera que o novo sistema "é a opção natural", admitindo mesmo que sem Cardozo, "Lima e Rodrigo serão suficientes para o 4x2x3x1", até porque para as restantes posições de apoio ao ponta de lança, o Benfica passa a ter "muitas e boas opções". Porém, avisa: "Se ficar, já é uma situação perigosa, pois é difícil deixar um jogador como Cardozo, que marca 30 golos por época, ou Lima, no banco."
"Com este sistema, o Benfica perde presença na área, mas liberta também Enzo Pérez e Matic. Por isso, não acredito que perca capacidade ofensiva, pois continua a ter muita criatividade, técnica e até finalização. E ganha mais equilíbrio, pois muitas vezes chegou a defender em 4x2x4", frisa, recordando que ante as principais equipas "o Benfica sentiu dificuldades" na última época.
Para Pedro Henriques, a nova posição criada com a mudança de sistema é "chave para o sucesso" da estratégia delineada por Jorge Jesus. "Tem que funcionar como terceiro médio, com capacidade de trabalho, para apoiar Matic e Enzo Pérez nas missões defensivas, e a nível ofensiva precisa de ser muito rápido", sustenta, considerando que "é fundamental ter capacidade de ataque, mas sobretudo condição física". "Precisa de ser veloz a pensar e a decidir, para que com e sem bola possa causar rutura nas defesas contrárias", explica, admitindo que Djuricic pode ser esse jogador. "Parece ser rápido e tem qualidade, vamos ver como se adapta às funções", refere, indicando outra função obrigatória para o médio-ofensivo: "Tem de ser dos primeiros a defender, ou seja, evitar a saída do adversário para o ataque, pressionando o médio-defensivo dos rivais, que é o primeiro a organizar."