Técnico benfiquista explicou-se e contestou parte do auto de notícia da Polícia de Segurança Pública, mas está convencido de que não escapa a ser julgado
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Jorge Jesus já está convencido de que não se livra da ida a julgamento no Tribunal de Instrução Criminal de Guimarães devido aos incidentes com a Polícia de Segurança Pública (PSP) no final do encontro com os comandados de Rui Vitória, na quinta jornada do campeonato. O técnico encarnado foi ontem ouvido na 2ª secção do Departamento de Investigação e Ação Penal (DIAP), no Campus de Justiça, em Lisboa, tendo apresentado, durante cerca de três horas, a sua versão dos acontecimentos a uma magistrada do Ministério Público. Na companhia do seu advogado, Carlos do Paulo, o treinador teve oportunidade de contestar o auto de notícia da PSP, que refere, entre outros, que o técnico "bate nos braços" de um agente e "volta a agredi-lo na cara". Jesus reiterou o que já tinha dito publicamente, no sentido de que não teve qualquer intenção de agredir ninguém, mas está já preparado para o seguimento do atual processo de inquérito para a fase de acusação e posterior julgamento.
A moldura penal em causa refere-se a dois artigos do Código Penal: o 143º, que remete para ofensa à integridade física simples e leva o treinador a arriscar uma pena de prisão até três anos de prisão ou uma multa; e o 347º, relativo a resistência e coação sobre funcionário no exercício das suas funções, punido com pena de prisão de um a cinco anos. O representante legal de Jesus, Carlos do Paulo, esclareceu no final da diligência que o treinador das águias "explicou o que aconteceu e está no auto de notícia e também o que está no auto e não aconteceu". "O que ele já disse publicamente é bastante para perceber o enquadramento. É um homem de bem, honrado, não tem antecedentes criminais e os factos aconteceram também muito devido à comoção do futebol", sustentou, adiantando que, durante o período de esclarecimento, Jesus "esteve calmo", até por estar "absolutamente de consciência tranquila". "Ficámos satisfeitos e ele explicou cabalmente toda a ocorrência", prosseguiu Carlos do Paulo, confiante numa célere resolução do processo, até pelo mediatismo: "No espaço de dois meses foram ouvidas testemunhas, o arguido, o queixoso... julgo que a decisão na fase de inquérito será rápida. (....) Os magistrados do Ministério Público também sabem que o país está com os olhos neste processo e a fase processual não pode ser muito longa. Estou confiante, pela fase atual, que o processo será muito célere. É até um bom exemplo para a justiça."
Se houver mesmo lugar a acusação, o advogado garante estar "tranquilo", pois "Jorge Jesus entende que nada tem a temer". "O que desejamos é que a justiça faça o seu caminho, com despacho de arquivamento ou de acusação. Neste último caso, será através do Tribunal de Instrução Criminal, que ocorrerá em Guimarães. (...) Depois, haverá então julgamento", rematou.
No plano desportivo, a SAD encarnada está convicta de que hoje mesmo será conhecida a decisão do Conselho de Disciplina da Federação Portuguesa de Futebol.