A renovação do técnico até 2016 está acertada, mas nova derrota levou-o a querer apalpar o pulso à sua base de apoio. O presidente e os fãs encarnados perceberam de imediato o desafio lançado em Amesterdão
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O insucesso na final da Liga Europa, já depois do fracasso no Dragão, deixaram Jorge Jesus com dúvidas quanto à sua continuidade na Luz, porque entendeu que, para rubricar o novo contrato já acordado, teria de sentir da parte de Luís Filipe Vieira e dos adeptos encarnados um renovado e incondicional apoio. A resposta do presidente dos benfiquistas não se fez esperar, o que, apurou O JOGO, significa que o teste foi passado com distinção e Jesus rendeu-se às evidências, pelo que vai honrar a palavra que havia dado ao líder da Luz e assinar um contrato válido por três épocas.
As palavras de Jorge Jesus no final do jogo com o Chelsea não deixaram de surpreender. Confrontado com o atual estado da sua renovação, o técnico começou até por dizer que tem "a maioria dos pormenores acertados" com Luís Filipe Vieira, mas guardou uma cortina de fumo para depois, frisando que a derrota na final da Liga Europa o irá levar "a pensar em muita coisa", lançando um teste à nação benfiquista. É que, em caso de vitória, o respaldo seria mais do que natural, enquanto num cenário de derrota - ainda para mais a segunda consecutiva, e de forma dramaticamente semelhante - o suporte poderá resvalar de um momento para o outro, até porque, como disse o próprio, "no futebol as coisas mudam todos os dias".
O técnico não teve de esperar muito pela resposta. Depois de ter ouvido as palavras de Jorge Jesus no ArenA de Amesterdão, o presidente benfiquista sentiu-se quase "obrigado" a reagir, dando novo voto de confiança ao treinador. Se o responsável máximo já tinha dito que Jesus é o seu treinador, desta feita fez um importante acrescento, avançando que a única dúvida é se Jesus "renova por dois ou por quatro anos". "Continua a ser treinador do Benfica e vai continuar a sê-lo por muitos anos. Este projeto não vai parar e Jorge Jesus faz parte dele", adiantou Vieira, numa declaração que acabou por ser muito importante para Jesus, que então sentiu o apoio de que esperava, num momento tão delicado.
Mais tarde, já de madrugada, chegou a resposta dos adeptos. Ao todo, foram centenas os que pediram a sua renovação. Logo na chegada a Figo Maduro, cerca de 500 adeptos receberam a equipa em euforia, com muitos gritos de incentivo também a Jorge Jesus pelo meio e até uma tarja especial onde podia ler-se "Jesus Fica". Pouco mais tarde, já à saída do Estádio da Luz, o treinador voltou a sentir o calor dos adeptos, ou não tivessem sido mais umas quantas centenas a praticamente engolir o seu carro. "Fica, fica, fica, fica" foi um dos cânticos mais ouvidos.
Jesus voltou a emocionar-se com tal receção, até algo surpreendente para si depois de a equipa ter perdido a final da Liga Europa. E somando todas as pontas, o técnico viu Direção e adeptos passarem no seu desafio, estando agora a horas de ver a extensão do seu vínculo oficialmente anunciada. O acordo com Luís Filipe Vieira é total para a renovação de contrato até final do mandato do presidente, isto é, por mais três temporadas (2016). O líder dos destinos do emblema da Luz está acreditado no topo até outubro desse ano, sendo que, neste caso, o contrato de Jesus terminará poucos meses antes, em junho. E caso cumpra o vínculo na íntegra, passará a ficar a apenas uma época de igualar as oito temporadas seguidas em que Janos Biri orientou a equipa.
Técnico quer melhores opções
À margem deste teste, há outra diretriz que Jorge Jesus deseja ver cumprida na próxima época e o tema já foi abordado com Luís Filipe Vieira - para além de, naturalmente, desejar substitutos à altura para eventuais saídas, o técnico pretende "segundas linhas" de maior qualidade, onde seja menos notória a diferença para os habituais titulares. Depois de ter perdido Witsel e Javi García, o treinador teve este ano de se remediar com o que já tinha ao dispor, mas O JOGO sabe que Jesus considera ter sido muitas vezes notório ao longo da época a falta de soluções de maior valia, que possibilitassem também um leque mais alargado de opções para gerir o ataque a todas as competições.
