Métodos do técnico. Conquista o grupo através dos líderes, é exaustivo nos treinos e incansável na planificação, vendo vídeos e pedindo relatórios. Exige e, tendo, dá
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Líder. Palavra que se aplica ao Sporting na I Liga, mas também ao seu treinador na verdadeira aceção da palavra. Não é por acaso que o segredo para o sucesso dos leões até aqui surge largamente atribuído ao seu técnico. Leonardo Jardim rapidamente identificou os jogadores mais influentes, estabelecendo com eles comunicação privilegiada para melhor chegar ao grupo; sistematizou todas as tarefas de treino com insistência até se acercar da perfeição e lançar bases para a tal identidade que já distingue os verdes e brancos; criou uma lógica de meritocracia entre jogadores; tem o mesmo discurso comedido para dentro e para os média; não olha a horas na dedicação ao labor na Academia; queima a vista entre vídeos, relatórios e dossiês; ouve muito, fala pouco em reuniões constantes com o "staff" técnico e altas cúpulas da SAD, tomando decisões seguras e ponderadas... com a porta do gabinete sempre aberta.
O treinador que na última jornada elevou o Sporting ao topo da tabela adota um estilo sóbrio, abrangente, atento e aglutinador, que cativou o grupo e o catapultou para um lugar que muitos não vaticinariam, mas o labor do técnico nascido na Venezuela está longe de se esgotar no campo. A comunicação é uma constante no "modus operandi" de Jardim, em especial no relacionamento aberto mas firme que mantém com os jogadores. Quem merece tem as oportunidades, quem as não tem, sabe porquê e o exemplo parte do próprio técnico, que fala olhos nos olhos.
O compromisso de Jardim com o trabalho é absoluto e por todos reconhecido, ou não passasse ele uma média de dez horas diárias na Academia, dando o exemplo. Sempre que há uma sessão de trabalho pela manhã, o treinador aproveita a tarde para estudar dossiês do "scouting" e observar vídeos ora de equipas adversárias (antes de as apresentar ao plantel), ora de jogadores referenciados. Habituais são ainda as trocas de impressões com os outros treinadores, tanto da equipa A como da B, com as quais há um trabalho de complementaridade mútuo. Jardim gosta de ouvir opiniões de todos, quando disseca treinos e traça avaliações, antes de fazer escolhas. Tendo essa intenção, chega a gerar até ondas de choque para obter a devida reação, devidamente acautelada. Acasos não existem em Alcochete.