A rescisão do contrato entre André Villas-Boas e o Tottenham surpreendeu o mundo do futebol. Adeptos dos spurs, analistas e treinadores não compreenderam a decisão do presidente Daniel Levy. Ainda em Londres, e em exclusivo a O JOGO, o técnico português concedeu a primeira grande entrevista depois da saída de White Hart Lane. Falou da passagem por Inglaterra e do desejo de voltar ao banco, mas nunca dos dois grandes de Lisboa, porque é no FC Porto que continua a cadeira de sonho
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Influência ou não da proximidade com o Big Ben e da pontualidade britânica, André Villas-Boas compareceu à hora marcada com O JOGO para a entrevista. Num café que costuma frequentar, perto do apartamento onde continua a viver, situado junto ao Rio Tamisa, foi para a fila e pediu um café com leite. Sentou-se e deu então início a uma longa conversa.
Depois de sair do Tottenham, tem perspetivas de regressar ao banco?
Claro que sim! No entanto, o mais provável é esperar pela conclusão desta época desportiva antes de pensar em abraçar um novo projeto. Esta é uma altura de reflexão para mim e para a minha equipa técnica, e de reposicionamento da nossa carreira. Inglaterra foi, apesar de tudo, uma ótima experiência para nós e uma grande valorização profissional. Obviamente temos consciência de que poderíamos e deveríamos ter alcançado melhores resultados desportivos, mas infelizmente, tirando a época do recorde pontual do Tottenham na Premier League, não nos permitiram concluir as outras duas.
Pensa voltar ao FC Porto, ou o seu ciclo no Dragão acabou?
Acabar não acabou, porque antes de ser treinador do FC Porto sou adepto e neste interregno não vejo hora de me sentar no meu lugar anual. Depende um pouco de como a minha carreira se possa desenvolver nos próximos anos e do próximo passo que eu posso tomar como treinador. Sinto-me intimamente ligado à cultura FC Porto e isso teve um impacto extremamente positivo em mim e na minha forma de estar no futebol como treinador. A cultura de vitória desde a estrutura até à equipa, a defesa intransigente dos valores do clube, a empatia com o clube e o símbolo, o "nós" mais importante do que o "eu", só vi isso articulado de forma perfeita no FC Porto; em mais clube nenhum se vive algo minimamente parecido.
Continua a ser a sua cadeira de sonho?
Para sempre!
Se tivesse uma proposta financeiramente muito vantajosa para treinar o Benfica ou o Sporting, aceitá-la-ia?
Isso é impossível. Da minha parte, é impossível, porque é esta a minha forma de estar. Quem me conhece sabe que eu não aceitaria.
Vai continuar a marcar presença na festa dos Dragões de Ouro?
Não depende de mim. Se for convidado, claro que sim.