Mesmo sem a fórmula autoritária e o ascendente sobre os adversários, que ao longo da época foram consumando o segundo lugar que dá a Champions, leões concretizaram objetivo de voltar à elite europeia
Corpo do artigo
Era para ser encarado como o jogo mais importante da época, desafiara Leonardo Jardim na antecâmara da visita ao Restelo onde, ontem, os leões consumaram o regresso à Liga dos Campeões na próxima época. Conquistados os três pontos que asseguram a vice-liderança final na Liga, o Sporting adiou - pelo menos, por 24 horas - a festa dos arquirrivais do Benfica e, mais importante, garantiu a participação na edição de 2014/15 da Champions, o que não se verifica em Alvalade desde 2008/09, nem tinha sido conseguido tão cedo numa época - antes, Paulo Bento chegara à 20ª vitória no campeonato que garantia o apuramento direto para a Champions na última jornada por duas vezes, registo suplantado, ontem, pelos leões comandados por Leonardo Jardim, que têm ainda os confrontos com Nacional e Estoril para alargar o número de triunfos.
Face ao repto lançado pelo técnico, os jogadores que ontem garantiram a presença na Champions fizeram tudo por não acusar a ansiedade de um momento marcante nas carreiras, já que, pelo Sporting, só Rui Patrício e Adrien, já participaram na Champions, prova que apenas Capel e Gerson Magrão também já experimentaram. Nesse esforço de resistir à ânsia de chegar rápido ao triunfo que assegurava desde logo a entrada entre os melhores da Europa na próxima época, os leões resvalaram numa toada tépida, morna, quase condescendente e sem a dinâmica, irreverência e certeza com que chegavam ao Restelo com a possibilidade de atuar nos maiores palcos europeus em 2014/15. Ou seja, combateram a ânsia com um soporífero e deixaram-se adormecer na perspetiva de lhes bastarem dois nos nove pontos em disputa até final do campeonato para evitar precipitações que ganhassem epítetos de ataques de ansiedade.
Do outro lado, um Belenenses motivado pela goleada sofrida pelo Paços de Ferreira ante o Nacional entrou mais pressionante que o vice-líder, chegou mesmo a dominar no início do jogo e foi equilibrando as operações durante largo período da primeira parte. À forma pausada com que o Sporting jogava, o que não impedia a perda de bola, invariavelmente, a meio-campo, os anfitriões respondiam com transições rápidas e certeza no passe - no fundo, o que o Sporting fizera ao longo da época e não estava a ser capaz de fazer no decisivo jogo do Restelo. Esta fórmula era possível pelo desdobramento dos homens no miolo da equipa de Lito Vidigal (Bruno China, Danielsson e Fernando Ferreira, influente a contrariar os leões e no apoio à manobra ofensiva) e do tridente atacante (sobretudo por Rojas e Fredy, mais do que Miguel Rosa). Piris, o eleito para render o castigado Cédric na lateral-direita, ante o Belenenses, não complicou e não comprometeu, enquanto André Martins, de regresso à orquestração da manobra ofensiva pelo corredor central, era dos leões menos apáticos em campo, chegando mesmo a atirar à barra num período em que os visitantes demonstraram um momentâneo despertar, a meio da primeira parte.
A toada manteve-se ao longo da segunda parte, com o Sporting a adormecer o jogo, vivendo de rasgos individuais de Carlos Mané, Capel, ou André Martins, enquanto o Belenenses tentava contrariar essa "estratégia". Mas foi assim que os leões chegaram ao golo da vitória que vale 8,6 milhões de euros à cabeça, pela participação na fase de grupos da Liga dos Campeões de 2014/15: Mané arrancou, foi derrubado por João Meira, Adrien foi chamado a converter o penálti, não vacilou e não falhou.
Aos 80', Cosme Machado mostrou o cartão vermelho direto a Rojo por falta sobre João Pedro. O argentino deixou o Restelo sob aplausos dos adeptos, mas deixou a equipa reduzida a dez. Os visitados carregaram, mas os leões de Jardim souberam resistir, assegurando, sem nervos, presença na Champions.