Rui Vitória era o espelho da felicidade, da concretização de um sonho de menino, na sequência do triunfo ontem alcançado na Taça de Portugal.
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No final do jogo, o treinador vimaranense atribuiu o mérito aos jogadores e agradeceu o apoio dos adeptos. "Trata-se de um sentimento de grande alegria e satisfação. Os jogadores foram uns campeões e mereceram esta vitória. E então se pensarmos que no início da época estávamos para descer de divisão... ficamos ainda mais radiantes. Hoje estamos no céu. Guimarães não dorme e amanhã [hoje] tem de ser feriado, porque aquela cidade é mesmo assim. É uma religião vitoriana. É bom passar pelo clube e deixar qualquer coisa nossa. É um motivo de orgulho e já estamos na história do Vitória", referiu o treinador vimaranense, que não deixou de dedicar o triunfo à sua equipa técnica e aos progenitores que faleceram, há uns anos, em circunstâncias trágicas [acidente de viação]. "Esta vitória é também para os meus pais, que foram os meus grandes alicerces. Já cá não estão, mas estarão, com certeza, orgulhosos."
Para Rui Vitória, conquistar a Taça de Portugal foi um prémio merecido de uma época atribulada. "Não é fácil chegar ao Jamor e ganhar a taça muito menos. Este é um momento alto de qualquer profissional e a noção do dever cumprido em circunstâncias muito difíceis. Foi à base da irreverência, dedicação, entrega e de acreditar até ao fim que alcançámos este feito. Ganhar ao Benfica nestas condições dá-me ainda mais prazer. As gentes de Guimarães mereciam um feito destes", sustentou.
Numa análise mais sucinta à partida, Rui Vitória considerou que o segredo do triunfo esteve na crença vitoriana. "A primeira parte do jogo teria de ser abordada com alguma prudência, como fizemos. Não podíamos expor-nos muito e tentámos sair com contenção e de forma criteriosa para o ataque. Havia que dar algum conforto para não sermos surpreendidos nos primeiros minutos. Acontece que num ressalto de bola, num 'chouriço' como se diz na gíria, o Benfica marcou. Na segunda parte, não havia nada que mudar. Havia era que ser mais determinado, impor maior intensidade ao jogo, correr mais e acreditar, pois o Benfica iria ter mais dificuldades do ponto de vista físico", aludiu, acrescentando que sentiu a equipa "mais solta" nesta fase. "Os jogadores foram acreditando que era possível e fizeram uma belíssima segunda parte", apontou.
Numa temporada atribulada, o timoneiro vimaranese apontou a eliminatória com o Braga, em janeiro, como "o momento mais marcante" da época, num contexto "muito difícil". "Eles estavam quase a cair para o lado, mas quiseram vencer e foi o que se viu", recordou.
Apontado nos bastidores como possível sucessor de Jorge Jesus, no Benfica, Vitória não fugiu à questão premente e foi taxativo: "Tenho contrato com o Vitória de Guimarães e a minha cabeça não está virada para isso. Seja o que Deus quiser. Não estou preocupado com o futuro", afirmou, no final do jogo, o treinador vencedor da Taça de Portugal 2012/13.
