Potencial Jogador de Elite é o lado portista que puxa pelos melhores. O avançado tinha registos de craque
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Gonçalo Paciência é um avançado à imagem de Zlatan Ibrahimovic. A opinião é de Pepijn Lijnders, que trabalhou individualmente com o jogador durante seis anos para o ajudar a chegar à elite. O exagero explica-se não só com as semelhanças anatómicas, mas essencialmente com os números que Gonçalo conseguia atingir na análise de performance a que era sujeito de forma repetida, como todos os jogadores que, no FC Porto, integram o PJE: Potencial Jogador de Elite. Mas já lá vamos.
Nos últimos quatro jogos de 2012/13 (ainda júnior) em que o seu jogo foi analisado, Gonçalo terminou com média de nove ações/decisões ofensivas corretas das 14 iniciativas que teve por jogo. A eficiência de 64% é muito boa, mas até inferior ao que o mesmo chegou a fazer. Gonçalo foi sempre dos poucos que tocou nos números dos maiores. Zlatan, Van Persie e Huntelaar, por exemplo, decidem bem em 70% das vezes e eram as referências mundiais nessa altura para a posição específica. "Não digo que vai chegar onde ele chegou. Faço a comparação pelas semelhanças físicas e pelas médias conseguidas nas nossas análises. Tem estatísticas de potencial jogador de elite", disse-nos o treinador holandês, que entretanto saiu para o Liverpool.
Potencial Jogador de Elite é o tal caminho extra do projeto da formação portista traçado para um grupo restrito de jogadores. "Aqueles que têm uma excelência latente que pode ou não ser desenvolvida", como lhes explicam quando mostram pela primeira vez um vídeo motivacional a explicar o plano que vão integrar. Gonçalo Paciência foi o quinto a chegar à primeira equipa, depois de Rúben Neves, Ivo e, no passado, Christian Atsu e Tozé.
O PJE é virado para os médios e atacantes, embora os laterais também o possam integrar. Cada jogador tem um plano individual de trabalho. O de Gonçalo era dos mais específicos. "Em 85% do tempo fazia finalização/criação. Não fazia posse de bola ou passe. Um avançado de elite precisa de outras coisas", detalha o técnico holandês, que atribui a Vítor Pereira e Capucho o mérito pelos lances geniais de Gonçalo. "Foi educado com treinadores que valorizam o futebol espetáculo", diz. "As três premissas do treino dos potenciais jogadores de elite são: desequilibrar, penetrar, finalizar. Era o que queríamos dele", continuou. Os outros, como Rúben ou Ivo, acertam cerca de 60% das decisões. Gonçalo queimava todos os números. "Mas isso não significa que seja ou venha a ser melhor", avisa. "Mudar de potencial para elite, chegar a campeão" é o objetivo que o guia do projeto prevê. Curiosamente, Gonçalo nunca o foi.