O argentino nunca foi tão poucas vezes substituído e está à beira de bater o seu recorde de minutos consecutivos pelo Benfica. Vieira pode ter de vender em janeiro e o extremo surge entre os principais candidatos
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Gaitán está diferente. E para melhor. A qualidade técnica é a mesma de sempre, a imprevisibilidade também, mas o internacional argentino tem conseguido agora acrescentar à natureza do talento dados tão importantes como regularidade e consistência. O artista que parecia extramotivado na Champions tem vindo a espalhar a magia em todas as outras provas. A prová-lo está também o facto de nunca ter sido tão poucas vezes substituído desde que chegou à Luz - nesta época ajudou em 11 jogos (dez como titular), recebendo apenas ordem de saída em quatro, o que resulta em 40 por cento dos encontros.
Em período homólogo da última época, não só apenas tinha feito oito jogos como fora titular somente em quatro. E saiu em... três (75 por cento). O pior registo ficou, todavia, guardado para a campanha anterior (2011/12), em que, apesar de ter arrancado de início em 16 dos 18 jogos cumpridos, foi preterido em 13 (!), o que resulta em 81,3 por cento dos jogos. A temporada de estreia, essa, conheceu-lhe 16 partidas a titular num total de 19, não tendo completado 11: dez por substituição e outra por expulsão. Resultado, saiu em quase 70 por cento dos jogos (68,7%).
O camisola 20 está feliz na Luz - e isso nota-se em campo, sim -, mas em simultâneo tem planos para dar o salto rumo a um campeonato que considere mais atrativo e competitivo, o que pode acontecer já em janeiro, dado que é intenção da SAD vender para equilibrar as contas. A diferença, sabe O JOGO, está no facto de o jogador ter esta época interiorizado de vez que só com regular alta rotação conseguirá levar um colosso europeu a abrir os cordões à bolsa. O extremo sabe que Luís Filipe Vieira dificilmente o deixará sair por montantes abaixo dos 20 milhões de euros e está consciente de que esses valores só costumam ser pagos por quem acrescente valor em dezenas de encontros por época. E o cenário está encaminhado: se o criativo somar mais 90' no próximo jogo com o Braga, irá igualar a sua melhor série de jogos completos e consecutivos de águia ao peito, mas batendo o seu recorde de minutos, pois no último dérbi atuou... 120'.
Nico sente-se mais importante na equipa e vê também a confiança transmitida por Jorge Jesus como fundamental. Ainda no final do último dérbi, por exemplo, o técnico fez questão de lhe dar um beijo, sinal também da cumplicidade que almofada a mutação. Neste capítulo, aliás, o técnico até encontrou ante o Sporting uma potencial nova função para Gaitán, testando-o como falso médio-interior-esquerdo. Uma situação apenas possível perante a disponibilidade física e mental do jogador, agora mais apostado do que nunca em "explodir".