Águia já festeja >> Na "final" dos Barreiros, o Benfica marcou cedo, adormeceu e permitiu o empate, mas na segunda parte mostrou que estava ali para ganhar o título
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Soou o apito final e a verdade veio ao de cima: Jorge Jesus e os jogadores do Benfica entregaram-se aos maiores festejos já vistos esta temporada, sinal de que, por muito que o técnico diga que não, o jogo de ontem na Madeira era mesmo a "final" do campeonato. Com a vitória nos Barreiros, os encarnados ficam a dois triunfos de assegurar matematicamente o título nacional e têm o pássaro na mão - basta vencer Estoril e Moreirense em casa para o agarrarem de vez. Mas num estádio onde o FC Porto tinha deixado dois pontos que agora começam a ganhar contornos de decisivos, foi preciso sofrer - e muito. É que apesar da justiça inquestionável do triunfo dos encarnados, que fizeram uma segunda parte própria de quem estava ali para ser campeão, a partida acabou por ser decidida num autogolo de Igor Rossi.
Jorge Jesus tinha deixado antever uma surpresa no onze, mas apenas apresentou meia: a colocação de André Almeida como lateral-esquerdo, repetindo uma fórmula já usada em Olhão. No ataque, Cardozo começou no banco e a aposta foi na velocidade de Rodrigo e Lima. Mas nem se pode dizer que tenha sido preciso: sem fazer nada por isso, o Benfica chegou à vantagem num erro clamoroso de Márcio Rozário. O central cometeu um penálti de iniciado sobre Lima, que aproveitou para deixar as águias na frente.
Logo a seguir, o mesmo Márcio Rozário atirou de livre ao poste, mas nem isso abriu os olhos da águia e a vantagem foi o pior conselheiro do Benfica durante o resto da primeira parte. Com mais uma unidade de combate no meio-campo, a surpresa Marakis, a equipa de Pedro Martins era sempre mais rápida e agressiva em todos os lances e impedia Matic e Enzo Pérez de terem o jogo nos pés. Alimentado por bolas longas diretamente da defesa, o ataque do Benfica passava fome e isso permitiu ao Marítimo ir pisando terrenos mais próximos da área contrária, quase sempre pelos pés dos extremos Heldon e Sami ou através do talento de Artur. O golo do empate, marcado aos 42' por Igor Rossi, só surpreendeu por ter surgido tão tarde.
Chegou o intervalo e, logo após, os 45 minutos que podiam decidir a temporada e, quem sabe?, até o futuro de Jorge Jesus ao serviço das águias. Aí, os encarnados não tremeram e mostraram a fibra que se exige a uma equipa que joga para ser campeã. Os avançados começaram a ser alimentados com mais velocidade, os extremos, agora apoiados pelos laterais, perderam o medo de arriscar e o Benfica foi criando oportunidades - entre os 50' e os 61' foram quatro, todas claras, incluindo dois remates ao poste de Lima.
Terminado esse período, Jorge Jesus colocou Cardozo em campo, apostando em três atacantes em simultâneo. O paraguaio, além de permitir libertar Lima, passou a ser o centro das atenções da defesa maritimista, que ia abrindo fissuras um pouco por todo o lado. Uma delas, no lado esquerdo, acabou por ser aproveitada quando, aos 72', Salvio ganhou a linha de fundo e cruzou com força para a pequena área. Em esforço, Igor Rossi voltou a marcar, agora na baliza errada, colocando as águias na rota do título.
Ainda com quase 20 minutos pela frente, Jesus voltou a equilibrar a equipa pondo Carlos Martins no lugar de Rodrigo. Esta alteração permitiu ao Benfica dar a iniciativa ao Marítimo, ao mesmo tempo que impedia os madeirenses de se aproximarem muito de zonas de remate: a luta no meio-campo era agora de três contra três, o que fazia com que os médios encarnados tivessem mais linhas de passe para segurar a bola. À entrada dos descontos, o técnico não teve problemas em tirar Lima para fazer entrar Roderick e reforçar a defesa. Era a lógica de "bola no mato, que este jogo pode valer o campeonato"
