A lesão, a renovação, a possibilidade de transferência para Inglaterra e a gestão desportiva. No final, parece que nada mudou. Será?
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Fernando fechou a semana como jogador do FC Porto, mas não é percetível até que ponto é que isso seja uma boa notícia. O que se passou ao longo dos últimos dias foi digno de novela, com avanços e recuos que redundaram numa decisão que insinua que fica tudo na mesma, mas que pode ter beliscado de vez a história do Polvo no Dragão. Explicando o enredo por capítulos, é possível enquadrar as incidências dos últimos dias.
O revés na renovação
A montante da novela está a apalavrada renovação de contrato, publicamente assumida por Pinto da Costa e por António Araújo e que, no entender da SAD, assegurava que todos os interesses ficavam salvaguardados. Fernando seria o médio mais bem pago do futebol português, com um salário anual a rondar os dois milhões de euros e um prémio de assinatura ainda mais generoso. A O JOGO, várias fontes garantem que Pinto da Costa foi surpreendido pela notícia de um entendimento entre Fernando e o Manchester City e que entraria em vigor a partir da próxima temporada, logo, deitando por terra o princípio de acordo entre o médio e os dragões. Entre as movimentações nos bastidores esteve uma aparição fugaz contra o Marítimo (saiu lesionado ainda antes do final da primeira parte) e um arranque de semana no departamento clínico. Aliás, até o facto de ter sido Maicon a envergar a braçadeira contra os insulares motivou alguma surpresa, já que o estatuto era normalmente assumido por Fernando na ausência de Lucho e Helton.
Saída imediata
Uma solução para o imbróglio criado seria a transferência do Polvo já em janeiro. Manuel Pellegrini pedira aos donos do City um central e um médio-defensivo, sendo que prioritário seria o primeiro. Mangala é um alvo antigo dos ingleses, mas a cláusula proibitiva, a vontade do FC Porto em segurá-lo e a convicção do próprio defesa de que uma saída a meio da temporada não o favorecia desportivamente reduziam as possibilidades de negócio a uma autêntica loucura do City. Ela não chegou a acontecer, apesar das conversas entre os clubes, tanto com vista a um negócio conjunto como a operações isoladas. De Inglaterra, vários órgãos de comunicação social sustentavam a mesma tese: Pinto da Costa pôs a fasquia muito alta e nem o milionário City teve carteira para tanto. No final, todas as possibilidades abortaram, mas Mangala seguiu para a Madeira e Fernando ficou no Porto.
Fora de jogo
As decisões reveladas pela convocatória até pareciam indicar diferentes andamentos nas negociações, mas as bases já estavam definidas há dias. Ainda com as conversações a decorrer, Paulo Fonseca soube que Fernando não iria a jogo na Madeira. O próprio médio lhe comunicou que não teria condições psicológicas nem físicas para o encontro e foi excluído dos planos, ao contrário do que aconteceu com Mangala, que apesar do ruído manteve sempre o foco no Dragão. Oficialmente, Fernando está lesionado e é essa a causa apontada para a ausência da convocatória.
Próximos capítulos
Apesar de abortada a transferência imediata, as informações que circulam continuam a apontar para a saída de Fernando para o Manchester City, no final da temporada e a custo zero. Esse indicador fragiliza a sua posição no FC Porto para o que resta de 2013/14. O Polvo já antes passou por períodos de afastamento e há quem sustente que, apesar da continuidade, o médio pode ver o seu estatuto de intocável beliscado. Tendo sido já apontado à Seleção e ao Mundial, Fernando precisa de jogar, mas do fecho do mercado sobra, pelo menos, a interrogação: como fica a relação entre clube e jogador?