"Faz falta ao futebol feminino português um clube da dimensão do FC Porto, mas só a eles diz respeito"
Com 150 atletas inscritas, o Valadares Gaia, clube presidido por José Manuel Soares, é o maior do Porto no futebol feminino e só é superado por Benfica e Sporting
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O Valadares Gaia é, atualmente, um clube de referência no panorama do futebol feminino português, disputando o primeiro escalão há 11 temporadas. José Manuel Soares, que está na presidência do clube desde a sua refundação (2011), diz que houve um crescimento sustentado da modalidade, visível no número de praticantes.
A liderar o clube desde a sua refundação, em 2011, o dirigente, de 52 anos, destaca as três finais da Taça de Portugal e a conquista da Supertaça (2016) como sinais de crescimento do feminino.
“Não existe nenhuma preferência pelo futebol feminino, a nossa aposta é em ambos. Obviamente que crescemos imenso no futebol feminino. Em 2011, quando fundámos o clube, tínhamos 160 atletas no total e no ano passado terminámos com 610. Desses, 150 são mulheres, 25 por cento do número total de atletas. O clube promove a igualdade de género e o futebol feminino tem ganho destaque porque temos vindo a consolidá-lo ano após ano”, resume o dirigente, 52 anos, cuja vida profissional está ligada à área dos seguros. Ombrear com os gigantes Benfica e Sporting é motivo de grande satisfação.
“Termos 150 atletas inscritas no futebol feminino é um orgulho enorme. Fomos a primeira equipa do distrito do Porto a consegui-lo e, provavelmente, estaremos no top-3 nacional. Desconheço os números de atletas de Benfica e Sporting, mas devem ser muito parecidos. Estarmos neste patamar com dois colossos a nível nacional enche-nos de orgulho e mostra que estamos no caminho certo”, destaca.
Sendo um emblema de menor dimensão, o Valadares é obrigado a apostar forte na formação para ser competitivo. “A ideia é formar dentro de portas para ombrear com os outros clubes. Não temos as mesmas armas que Benfica, Braga e Sporting em termos de orçamentos, por isso temos de ser muito inteligentes na forma como fazemos a gestão da equipa”, explica a O JOGO, apontando vários exemplos dos bons valores ali formados: “O Braga foi campeão com sete ou oito atletas provenientes da nossa formação. O Sporting, o Benfica e o Famalicão também têm algumas.” E no estrangeiro também há provas desse bom trabalho, como as centrais Diana Gomes, que “saiu do Valadares para o Braga e, entretanto, foi para o Sevilha”, e Inês Maia, “saída para o Braga e que está agora no Besiktas”.
Apesar deste potencial formador, José Manuel Soares não pensa em mais do a permanência na Liga BPI: “Não conseguimos lutar para sermos campeões, mas o objetivo é intrometermo-nos e roubarmos pontos aos grandes para que a diferença seja cada vez menor. Já estivemos em três finais da Taça de Portugal, no Jamor (2013, 2016 e 2019), em 2016 ganhámos a Supertaça e este ano conseguimos a inédita passagem às meias-finais da Taça da Liga.”
Alvo no mercado norte-americano e a falta que o FC Porto faz
O plantel do Valadares é composto maioritariamente por portuguesas, mas também há uma norueguesa, duas brasileiras, uma inglesa, uma canadiana e quatro americanas.
“Por uma questão de experiência e de bons resultados temos apostado nos mercados norte-americano e canadiano. São atletas muito comprometidas, robustas, e trazem algum equilíbrio, mas temos de ser assertivos nas contratações que acarretam um maior investimento”, conta a O JOGO o presidente José Manuel Soares, que gostaria de ver o FC Porto formar uma equipa feminina.
“O FC Porto é nosso parceiro, temos uma escola Dragon Force dentro de portas. Faz falta ao desenvolvimento do futebol feminino português um clube desta dimensão, mas é uma decisão que só a eles diz respeito”, resume.